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    José Eugênio Rocha

    José Eugênio Rocha

    A artista Ângela Rocha, natural de São Gotardo, atualmente reside em Belo Horizonte. Em sua recente exposição na capital mineira 'Entre Cores e Formas', com curadoria de Fátima Miranda, ela viaja em sua inspiração para expressar as sutilezas da luz e da natureza.

    Ângela já participou de várias coletivas e também do evento "pintando ao vivo". Formada em pedagogia e funcionária pública aposentada, desde cedo teve a arte como paixão e decidiu enveredar pelos caminhos dos pincéis e tintas.

    Agora expõe seu sonho engavetado por muitos anos, através de suas telas com cores fortes e vibrantes, trabalhadas com pinceladas bem definidas e propositais.

     

    O cultivo do alho teve início no final da década de 1990. Ao longo do tempo foi se firmando e se expandindo até alcançar o patamar de hoje, como a região que mais planta alho no país, destacando-se pela alta produtividade e qualidade acima da média.
    Vários fatores contribuíram para a escolha do Alho como opção de investimento por parte dos produtores. Destaque para o clima e altitude propícios, além do domínio tecnológico já praticado em outras culturas como a cenoura.

    Não foi um tiro no escuro: sempre houve por parte dos produtores o interesse em desenvolver atividades que agregassem mais valor e rentabilidade, plantando em áreas menores, mas com mais qualidade que em outras regiões.

    Outra razão pela escolha do Alho, foi a necessidade de diversificar o negócio, uma preocupação permanente como forma a evitar a dependência de uma única cultura. Hoje, complementa um leque já diversificado, que inclui a cenoura, beterraba, o abacate etc. Como destaca o produtor Hugo Shimada, um dos entrevistados nesta reportagem: “60% do alho consumido no Brasil é produzido no país, o restante é importado. Desses 60%, 30% sai de São Gotardo. É uma participação expressiva, se considerarmos que representa praticamente um terço do alho plantado no Brasil.”

    A empresa Globalfarm, que presta assessoria aos produtores nas áreas de gestão e consultoria de custos, é também especializada em levantamento e processamento de dados nos sistemas de produção da região de São Gotardo, e acompanha de perto estatísticas relacionadas à cultura do alho. De acordo com o último levantamento da empresa foram colhidas 45 mil toneladas em 2022, ocupando uma área de 3 mil hectares. São números reveladores e que impactam muito além do mercado consumidor brasileiro: hoje, o alho representa força propulsora da economia local por excelência, gerando renda, e acima de tudo postos de trabalho aos milhares.

    De acordo com o presidente do Sindicato dos produtores rurais de São Gotardo, Rodolfo Molinari, também entrevistado nesta reportagem exclusiva: “Do plantio, no final de fevereiro, março, até o final da colheita em setembro, são sete meses de duração. Além desse período, o produto colhido é levado para os barracões, e o trabalho continua... a produção de alho exige um cuidado todo especial, como alta tecnologia e investimento alto, então o produtor precisa estar muito envolvido”. Ou seja, podemos falar em um processo em escala industrial, que movimenta campo e cidade quase o ano todo.

    Por tudo isso, a importância e impactos positivos da produção de alho na economia local tem singular relevância, ademais, em um ambiente onde a inovação permeia cada capítulo destes 50 anos de Padap.

    A região de São Gotardo é hoje sinônimo de proficiência e pujança empresarial no setor agrícola, sendo reconhecida nacionalmente como berço de qualidade, alta tecnologia e produtividade. O alho é um bom exemplo desta distinção.

    Somando conhecimento a este encontro promovido em parceria do Jornal Daqui e a Globalfarm, um dos sócios fundadores da empresa, o engenheiro agrônomo Paulo Filho e a gerente de operações, Gabriela BonTempo. Um especial agradecimento ao empresário Fábio Castelhone, também sócio fundador da Globalfarm, e aos entrevistados Hugo Shimada, Rodolfo Molinari e Paulo Filho.

    Dada a complexidade e abrangência do tema 'Cultura do Alho', listamos por tópicos os temas abordados neste encontro. Confira:

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    Em junho teve início o período de colheita do Alho. Muito trabalho à vista?

    Rodolfo: Quando começa a safra, o trabalho não para. Tem serviço todos os dias pelos meses que se seguem. Diferente de outras culturas onde a colheita é intermitente, como a cenoura ou a batata. A colheita deve ser concluída até setembro, antes de iniciar o período chuvoso. Nesse período há uma grande oferta de trabalho, o que significa mais dinheiro circulando com o pagamento aos trabalhadores. Com mais oferta de trabalho, o trabalhador ganha mais.

    Hugo: Com o sistema de refrigeração e conservação do alho, adotado pelos produtores, a oferta de trabalho se mantém mesmo depois de terminada a colheita no campo, se estendendo por praticamente o ano todo. É uma das culturas que mais emprega, então a economia local gira muito em sua função.

    Rodolfo: Não podemos deixar de citar as outras culturas. A cenoura, como o leite, são 365 dias no ano. Tem o abacate, o café, que também geram emprego. Mas se considerarmos postos de trabalho por hectare, o alho é sem dúvida o que mais emprega, principalmente nos picos do plantio e da colheita.

    Impactos diretos e indiretos na economia local

    Além da grande oferta de postos de trabalho, há impactos diretos e indiretos em todos os setores da economia local, como construção civil, no comércio em geral, prestadores de serviços...

     

    Produtividade e retorno financeiro

    Hugo: Hoje a nossa região consegue um índice de produtividade de 20 toneladas por hectare plantado. No início eram de 13, 14 toneladas. O Alho só se tornou viável, portanto, devido a este aumento de produtividade.

    Rodolfo: É uma busca permanente pela eficiência no processo, ela não para.

    Paulo: Estamos colhendo 20 toneladas, e menos que isso torna a cultura inviável. Isso, mantendo os custos equilibrados, sem excesso. Ainda assim, a rentabilidade não ultrapassa 15 a 20% do valor investido.

     

    Reconhecimento do mercado

    Rodolfo: Produzimos o melhor alho do mundo aqui na região de São Gotardo. Nosso alho é produzido com alta tecnologia, em escala quase industrial.

    Hugo: Nosso alho se destaca em relação a outras regiões principalmente pela qualidade.

     

    O fato de ser um produto cobiçado no mercado interno, dada sua qualidade superior, há interesse no mercado externo?

    Hugo: Já existe um projeto inicial de exportação para a Europa principalmente.

    Rodolfo: Alguns países da América do sul são também possíveis mercados.

     

    De olho em futuros mercados, nossa região tem potencial de ampliar sua produção? Ou já chegamos a seu limite?

    Paulo: Há fatores limitantes como a rotação de culturas, o microclima, e a própria oferta de mão de obra. Acreditamos que pelo menos a médio prazo deve ser mantida a extensão de área plantada, que está em torno de três mil hectares. Mesmo levando em conta essa estabilidade no volume de produção, o alho hoje tem especial relevância em relação a outras culturas como a cenoura ou o abacate.

    O lucro não é tão sedutor, além de ser cultura muito exigente, tanto em relação ao valor do custo de produção e mais uma série de exigências como solo e tecnologia adequados. Diante disso tudo, são 3 mil hectares dedicados a cultura. Como explicar esse interesse do produtor pelo alho?

    Paulo: Até 4 anos atrás, o alho apresentava uma rentabilidade alta, mas ela foi caindo nos últimos anos. Além do mais, a cultura do alho demanda de uma grande estrutura física como investimento em pivôs, maquinário, barracões etc. Então, o produtor não tem muitas opções a não ser continuar plantando sob risco de prejuízo. Depois do investimento feito, fica difícil sair.

     

    Diante disso, que alternativas o produtor tem buscado diante desse cenário?

    Paulo: Melhorar a gestão, diminuir custos, e se possível aumentar a área plantada para diluir as despesas. O que atrai o interesse do produtor são também as condições favoráveis de altitude, clima e solo da região. Estas condições garantem um produto de excelente qualidade, o que significa garantia certa de mercado, além do valor agregado. O alho da região de São Gotardo tem preço superior em relação a outras regiões do Brasil.

    Hugo: Apesar de uma rentabilidade menor hoje, um dos fatores que incentiva a produção de alho é a estabilidade, não apresentando grandes oscilações no preço como em outras culturas, como a cenoura, por exemplo, que exige o plantio o ano inteiro para equilibrar a margem de lucro.

    Uniformidade na produção

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    Podemos afirmar que há uma uniformidade no produto final colhido na região, a ponto de ser identificado como uma marca. Que mecanismos facilitaram essa uniformidade?

    Hugo: O produtor entendeu que sozinho ele não alcançaria um bom resultado, por isso ele se organizou em grupos de produtores, uma espécie de condomínio de produtores rurais. Esta união de esforços facilitou o funcionamento da máquina produtiva. Assim, cada etapa do processo é distribuída entre os participantes do grupo. Meu concorrente não é o meu vizinho, ele é meu parceiro, tanto na divisão do processo como na troca de informações sobre novas técnicas e métodos que possam beneficiar um e outro, e todos ganham com esse modelo. Este fator é determinante para a uniformidade e consolidação de uma marca única.

    Rodolfo: Além de dominar um conhecimento, é preciso compartilhar, trocar experiências. Como disse Hugo Shimada, nosso concorrente não é o produtor vizinho, é o alho espanhol, o chinês, o argentino. Nosso caminho é unir forças, mesmo porque não temos condição de suprir o mercado nacional ainda.

     

    Alho: a cultura que mais gera postos de trabalho

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    Como ressalta Hugo Shimada: outra exigência do alho é a mão de obra disponível, nesse sentido, sem essa população que vem de fora, de trabalhadores migrantes, não seria possível levar à frente o plantio de alho. É fundamental frisar a empregabilidade que essa cultura oferece. Em média, cada hectare de alho plantado demanda 10 postos de trabalho. Ela exige muita mão de obra, e por essa razão é uma cultura com maior custo de produção, girando em torno de R$200 mil por hectare.

    Rodolfo: O alho é plantado dente por dente, tudo manualmente. Disparado, hoje o alho é a cultura que mais emprega, que oferta vagas de trabalho.

    Hugo: Hoje não existe nenhuma máquina que substitua o plantio manual.

    É uma mão de obra mais bem remunerada?

    Hugo: O trabalhador ganha por produtividade; quem se dedica mais, ganha mais.

    Rodolfo: O que ocorre é que nessa cultura a oferta de trabalho é maior, dando oportunidade para o trabalhador ter um maior rendimento.

    Hugo: É interessante notar que esse rendimento varia de pessoa para pessoa, e a escolha do tipo de tarefa conta muito: alguns rendem mais no corte que no plantio, e vice-versa. Desta maneira cada um vai se especializando naquilo que faz de melhor.

     

    Razões não faltam para comemorar agora em 2023, os 25 anos de história da Festa Nacional da Cenoura. Em grande estilo, artistas de renome nacional e uma estrutura de peso marcam esta data especial. Para receber o grande público, a organização do evento vem realizando uma série de reformas e ampliações, com o objetivo de oferecer mais comodidade e segurança.

    O Jornal Daqui acompanhou de perto as mudanças em curso. Em entrevista, o presidente do Sindicato dos produtores rurais de São Gotardo, Rodolfo Molinari, ressalta a necessidade de se adequar às novas demandas, que surgem a cada ano: “segurança é umas principais preocupações. Algumas das mudanças aqui são para atender às normas do Corpo de Bombeiros, como ampliar o espaço de entrada e saída da arena, por medida de segurança. Os assentos que foram retirados para abrir este espaço, serão substituídos com a instalação de uma nova arquibancada, inclusive dobrando o número de assentos que existia. No local, construímos uma estrutura de camarote suspenso, ampliando a capacidade para 500 pessoas. Em relação a melhorias visando maior comodidade do público, construímos mais 5 Banheiros; com isso ampliamos a capacidade para até 20 mil pessoas, muito acima da média nas festas anteriores.”

    De acordo com Molinari, foram investidos recursos também na própria infraestrutura do Parque de exposições, como a construção de uma nova rede de esgotamento sanitário, e no isolamento da fiação elétrica, toda ela, agora, subterrânea, promovendo um ambiente mais arejado e seguro. “são investimentos altos, mas necessários, sempre pensando no bem estar das famílias e visitantes” afirma ele.

     

    projeto parque

    As obras já estão praticamente concluídas, com a instalação dos camarotes e arquibancada móveis, além da cobertura. Como se pode ver na imagem ilustrativa abaixo, até o próximo ano serão feitas ampliações na arquibancada e novos camarotes, incorporados à estrutura física do Parque.

    RodolfoRodolfo Molinari - Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de São Gotardo

    Quinta, 13 Julho 2023 20:42

    FENACEN 2023

    'Uma cidade dentro da cidade'. Se levamos em conta as proporções e dimensões do loteamento Cidade Nova, lançado há 3 anos atrás, não é um exagero a figura de linguagem. Com 1.500 lotes, além de área comercial, de lazer, área institucional(escola, posto de saúde...), avenidas, etc., sua estrutura é comparável à de uma cidade do porte de Tiros ou Matutina. Não é pouca coisa.

    Dos 20 novos projetos de loteamento em curso na cidade - em fase de implantação ou de conclusão – nenhum deles se propõe a tal desafio, tanto pelas dimensões como pela complexidade que envolve sua implantação. Sua localização, na saída da cidade ao lado da estrada sentido Capelinha do Abaeté, traz uma vantagem em relação aos outros loteamentos: a área é plana, sem declives, um diferencial de peso em uma cidade onde a topografia não ajuda.

    De outro lado, este ponto positivo não facilita os obstáculos inerentes à um empreendimento imobiliário desse porte, a começar, por exemplo, com a estrutura necessária para o escoamento de esgoto. Conforme estudos e orientações da Copasa, será necessário construir uma rede própria interligando o loteamento até a Estação de tratamento, a 5 km de distância. Da mesma maneira, a rede instalada nas ruas já urbanizadas não comportaria as águas pluviais, sendo necessário também uma rede própria para o seu escoamento até o córrego(ainda não sabe ao certo, qual). Além destes custos extras embutidos no projeto, outros são de praxe, como a construção de uma caixa d'agua, rede elétrica, pavimentação asfáltica e redes de água, esgoto e pluvial ao longo das ruas e avenidas do novo loteamento.

    Dada a complexidade do empreendimento, e de pendências quanto a aprovação dos órgãos reguladores e da conclusão das obras de infraestrutura, não há como determinar um prazo para a autorização de casas no local.
    Os recursos necessários para cobrir todas estas despesas, têm como fonte o dinheiro arrecadado com a venda dos lotes. Neste aspecto chama a atenção uma outra distinção do empreendimento:

    A implantação do projeto

    Assim que foram confirmadas as inscrições dos interessados passou-se à etapa seguinte, a fundação de uma cooperativa em acordo com o organograma desse modelo de associação, qual seja, uma sociedade de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de ordem civil, constituída para prestar serviços aos associados. Os participantes assumem a posição de cotistas. No caso, cada uma das pessoas que adquiriu um lote assume a condição de cooperado. Seguindo este modelo de organização foi eleita uma diretoria, e posteriormente a realização de assembleias, onde cada associado tem direito a voto. Assim sendo, não se trata, portanto, de um investimento privado.

    O Jornal Daqui conversou com a atual presidente da Cooperativa Habitacional, Roberta Sekita, sobre o an-damento e atual fase do projeto, Veja:

    Há lotes disponíveis para a venda? Qual o valor de um lote hoje?

    Ainda temos disponíveis lotes para a venda. Com a medida de 180 m², o valor de R$90 mil reais. São lotes remanescentes, que não foram vendidos quando o projeto foi lançado há 3 anos atrás. Temos também lotes com dimensões maiores, com 200 e 300 m², por exemplo, além de áreas comerciais, com 1000 m².

    Dos 1.500 lotes, 380 foram direcionados à famílias que pagam aluguel, correto?

    A Cooperativa foi criada ten-do em vista o déficit imobiliário, se apresentando como alternativa aos interessados em adquirir um lote. Este projeto tem também o objetivo de atender às famílias que pagam aluguel, com os chamados Lotes sociais. Para adquiri-lo, o interessado precisou apresentar um comprovante que residia em casa alugada. Para esta faixa, foram oferecidas condições mais facilitadas, tanto em relação ao valor quanto no prazo de pagamento das parcelas.

    Com relação à implantação do loteamento propriamente dita, em fase se encontra hoje o projeto Cidade Nova?

    Estamos em fase de elaboração dos projetos técnicos para posterior aprovação da Prefeitura. Já foi feita a limpeza da área. Estamos agora con-cluindo o plano altimétrico, para medição do desnível do solo, feito por um agrimensor. Concluída esta medição serão elaborados os projetos de pavimentação, canalização de água pluvial, redes de água e esgoto.

    No caso dos projetos de redes de esgoto e água, são apresentados diretamente à Copasa, correto?

    Sim, estamos aguardando a conclusão das medições de nível e desnível da área onde será implantado o loteamento para a elaboração dos pro-jetos que serão em seguida apresentados à Copasa.

    Dada a dimensão do projeto, em relação às redes de água e esgoto envolvem estruturas mais complexas. Com relação ao esgoto, por exemplo, que hoje é proibido seu despejo diretamente em córregos. Já existem estudos sobre sua canalização e destinação final?

    A Copasa já nos deu um parecer nesse sentido. Todo o esgoto do loteamento será captado e direcionado em rede própria diretamente até a Estação de Tratamento de esgoto da cidade.

    É um gasto adicional, portanto.

    Sim, esta é uma das obrigações dos responsáveis pelo empreendimento.

    Este e outros custos referentes à implantação da infraestrutura serão cobertos com a receita advinda da venda dos lotes. Ela será suficiente, ou será necessário um complemento dos proprietários dos lotes, hoje os associados da Cooperativa?

    Até o momento a gente trabalha sem a necessidade de um aumento de capital. Eventualmente, se no futuro for preciso um complemento de recursos, nós temos investimentos em uma fazenda no norte de minas, na Serra do Cabral, nós podemos contar com retorno desta fazenda para concluir toda a obra.

     

    Passados dois anos e meio de governo, a prefeita Denise Oliveira sabe que a partir de agora corre contra o tempo e que as linhas de sua gestão já foram traçadas. Na entrevista que se segue ela fala sobre projetos em andamento e sobre as marcas que sua gestão já deixaram impressas ao longo desse período.

    Pela posição que ocupa e pela proximidade do período eleitoral, perguntamos a ela se tem pretensões de disputar a reeleição. A resposta a esta dúvida está em aberto, ela disse. O que já é uma resposta. Abordamos também nesta entrevista os desafios que teve de enfrentar pelo simples fato de ser mulher e negra: “O que mais sinto é tentativa de desqualificar o trabalho feminino, não é apenas da prefeita, é da mulher em geral. A mulher que trabalha em casa, por exemplo, é considerado que ela não trabalha. Ela não é devidamente valorizada, apesar de se desdobrar em múltiplas tarefas, no trabalho doméstico, cuidando dos filhos...” afirma ela. Veja a entrevista:

     

    Seu governo completa agora em junho dois anos e meio de mandato, já caminhando para a reta final. Em relação a suas metas e planos traçados no início de 2021 a senhora se sente realizada? que foram e estão sendo cumpridas? Diante das inúmeras demandas, o que não foi possível fazer e o que gostaria de ter feito?

    Assumimos o governo em um período atípico. No primeiro ano tivemos que enfrentar a Pandemia, que alterou a dinâmica de nossa gestão; no segundo, tivemos as chuvas que deixaram rastros de destruição na infraestrutura do município. Então, algumas obras de nosso projeto de início de governo foram comprometidas pela necessidade de, por exemplo, termos de reconstruir 8 pontes. Tivemos que abrir mão de recursos para atender a estas obras de maior urgência, e do próprio tratamento que foi dado à Pandemia. Com o tempo que nós tivemos, com os recursos e reveses que nós tivemos, a nossa equipe fez o melhor que poderia ter feito.

    É impossível atender a todas as demandas; algumas aguardam há muito tempo, como anel viário, rede pluvial e tantas outras. Ao contrário de seus antecessores, a senhora elencou prioridades como o lazer, a formação humana, profissional e educacional, correto?

    A partir de estudos científicos e de modelos de países desenvolvidos, nós percebemos que a educação faz a diferença; que a formação humana é um pilar para o desenvolvimento de um povo. Pessoas quanto mais bem informadas, menos elas adoecem. A educação possibilita a pessoa de ter conhecimento da importância da alimentação, da prática do esporte, da saúde mental... e tudo isso vai impactar na qualidade de vida, na saúde, e na própria melhoria da condição financeira. Por isso investimos na realização de cursos profissionalizantes, investimento no potencial empreendedor, na educação, no lazer, na cultura de nosso povo.

    Nesse sentido, a senhora priorizou atenções às Escolas municipais, correto?

    São 4.100 alunos na rede municipal, e demos especial atenção a este grande público de crianças, com a valorização de nossos profissionais, com melhores salários, passamos a oferecer aulas de inglês, Kit escolar... e tantas outras melhorias no sentido de a educação ter uma base sólida em São Gotardo. Como isso oferecemos às nossas crianças a oportunidade de enfrentar o mercado de trabalho mais bem preparada, e mais que isso, enfrentar a vida de maneira positiva. Eu gostaria de ressaltar também os investimentos na estrutura física, como a construção de uma Creche no Bairro Saturnino Pereira, Quadra poliesportiva no Boa Esperança, reformas nas escolas...

    Falando em Quadra, que ações a senhora destaca nas áreas de Esporte e Lazer?

    Estamos construindo o Parque dos Ipês no Balneário, que será um centro de práticas de lazer e esporte, mas também de interação e socialização humana. Estamos construindo também um complexo poliesportivo em Guarda dos Ferreiros, com quadra, quiosques, campo de futebol, com estas mesmas finalidades, de promover o esporte, lazer e socialização na comunidade.

    Ressalto também que na área de lazer, São Gotardo tem um cronograma anual de eventos, o que é inédito. Elaboramos no início de cada ano, junto com cada secretaria este calendário de eventos.

    E em relação às demandas na área da saúde?

    A saúde passou por inúmeros desafios devido à Pandemia, com a volta da normalidade estamos investindo na melhoria do atendimento, capacitando nossos profissionais. Implantamos o SAMU. Nosso objetivo maior é oferecer uma saúde cada vez mais humanizada.

    A senhora deu início à construção de um Centro de desenvolvimento humano. Qual sua finalidade?

    É uma obra recém iniciada na avenida Rio Branco, com a finalidade de atender às crianças com espectro autista, Síndrome de Down, e todas aquelas com necessidades especiais, como um suporte ao sistema educacional. O prédio vai abrigar duas alas, uma para atendimento de especialidades, com psicopedagogo, terapeuta ocupacional, e um outra ala para atendimento individualizado.

    E em relação ao Ciarte?

    É um centro de arte e de economia interativa. Neste espaço teremos cursos variados. Lembrando que já teremos o primeiro curso do Ciarte, e que será patrocinado pela Coopacer, focando no desenvolvimento e formação de nossos jovens.

    Qual a previsão de conclusão das obras da sede definitiva, localizada na antiga Administração Fazendária, na rua Bento Ferreira dos Santos?

    A previsão é que em agosto sejam iniciadas obras.

    Entre as inúmeras demandas postergadas ao longo do tempo, seu governo tem investido na própria estrutura administrativa, como a reforma no prédio da Prefeitura e no Almo-xarifado. Eram pendências antigas, certo?

    A Prefeitura, sendo a casa do povo, ela precisa ser acolhedora. Por esta razão investimos na reforma do prédio, e pensando também nos nossos colaboradores, oferecendo um ambiente mais saudável, já que passam boa parte do tempo aqui. Também em relação ao Almoxarifado, onde a estrutura estava muito deficiente, construímos novas oficinas e galpões para depósito da secretaria de obras.

    Falando em estrutura administrativa, o concurso já tem data marcada de acontecer?

    Foi instalada uma Comissão de análise interna para o provimento de vagas através do Concurso. A partir dessas análises, o Executivo encaminhou um projeto de Lei ao Poder legislativo no final de março, e que institui o Plano de Cargos e salários. Estamos aguardando sua aprovação para definirmos a data do Concurso

    Hoje quem decide o quanto e onde aplicar recursos de origem federal e estadual são os deputados, através das emendas parlamentares, e não mais o prefeito. É um contrassenso, não?

    Nossa gestão tem tratado da melhor forma possível os recursos recebidos, mesmo porque, são verbas com finalidade específica, e que não podem direcionadas para outros fins. Realmente nós precisamos receber recursos para outros setores, outras necessidades da população, mas infelizmente isso não é mais possível.

    A senhora, melhor que ninguém, como uma autoridade pública do sexo feminina e negra, o oposto da grande maioria que ocupa cargos políticos e administrativos, onde impera o sexo masculino e de cor branca. Ainda que velado, o preconceito impera em nossa sociedade. Fale um pouco de sua experiência no cargo, sua percepção sobre esta realidade. A senhora já foi alvo de preconceitos?

    Infelizmente sim. Nós vivemos numa sociedade patriarcal, onde ainda observamos traços de machismo e preconceitos. O que mais sinto é a desqualificação do trabalho feminino, não é apenas da prefeita, é da mulher em geral. A mulher que trabalha em casa, por exemplo, é considerado que ela não trabalha. Ela não é devidamente valorizada, apesar de se desdobrar em múltiplas tarefas, no trabalho doméstico, cuidando dos filhos. Em razão da prefeita ser mulher e negra, tenta-se desqualificar seu trabalho, mesmo sabendo que está sob minha responsabilidade sete secretarias e 1.400 funcionários.

    Mesmo porque, gênero e cor da pele não são parâmetros para definir a qualificação de uma pessoa?

    Mediante a situação eu procurei encaminhar este processo de inserção na política da melhor forma possível, com metodologia, com planejamento e responsabilidade. Nosso trabalho é também no sentido de provar que nós mulheres somos muito capazes de ocupar qualquer cargo ou função. Espero poder ser uma referência para outras mulheres neste sentido.

    A senhora tem pretensões políticas de disputar a reeleição?

    A reeleição é um tema que ainda precisa ser analisado. Minha maior preocupação hoje é com minha gestão administrativa, é procurar responder às demandas da melhor maneira possível. É isso que vai fazer a diferença mais à frente.

    A resposta à pergunta então, fica em aberto, sim?

    Com certeza

     

    A alternância em postos de comando em empresas e instituições organizadas a partir de sistemas de representatividade se apresenta como alternativa quando uma maioria expressa uma necessidade e desejo de mudança. Assim como ocorre nos processos políticos, o poder de voto encontra ressonância também no cooperativismo, onde se delega ao associado a decisão de escolha de seus representantes em conselhos e diretorias.

    Cumprindo seu Estatuto, a Cooperativa de crédito Credisg, realizou recentemente uma Assembleia geral para escolha de novo presidente e conselho de administração. Por ampla maioria, com 75% dos votos, prevaleceu a necessidade de renovação em seu quadro diretor.

    Percorridos os ritos de aprovação pelo órgão regu-lador, o Banco Central, tomou posse no dia 2 de junho o novo Conselho de administração da Credisg, constituído pelos seguintes membros: Itália de Mello Castro, Daguison Vitor de Freitas, Hugo Massakazu Shimada, José Milton Ribeiro de Paula, Leandro Rodrigues Barbosa, Marco Aurélio Carvalho e Renata Sekita.

    No cargo de presidente, assume uma profissional de carreira, Itália de mello Castro. Ela substitui Noé Rafael Galvão, que por 23 anos ocupou o cargo de presidente da Instituição. Ambos compartilharam relação de proximidade e respeito mútuo desde a fundação da Credisg, da qual fizeram parte. No entanto, a instituição cresceu a ponto de impor seu próprio ritmo. Hoje, com mais de 7 mil associados, a cooperativa de crédito sabe que sua sobrevivência no concorrido mercado impõe a necessidade de novos caminhos e reorientações, valorizando e respeitando evidentemente, o legado e atuação da presidência e de toda a diretoria e funcionários, responsáveis por elevar à condição de uma das maiores instituições financeiras de São Gotardo, como é hoje. Itália de Mello Castro assu-me, portanto, enorme desafio, e credenciais para isso não lhe faltam, assim como de todos os membros do novo Conselho de administração.

    sicoob01Itália Mello, a nova presidente do SICOOB CREDISG.

    A nova presidente, Itália Mello, tem longa trajetória na instituição, sendo uma de suas fundadoras; é conselheira fiscal da Ocemg, sistema de organização das cooperativas de Minas Gerais, foi conselheira fiscal da Crediminas por mais de 12 anos. Seu currículo inclui ainda treinamentos e participação em conferências em outros países. Em entrevista durante a cerimônia de posse, ela falou de ações e planos para este início de mandato:

    “A intenção é de renovar, renovar os processos. Entre as primeiras ações da nova diretoria, está a reorganização na estrutura administrativa, do quadro funcional, análise de perfil, em seguida, uma pesquisa de satisfação com os associados, para sabermos que tipo de cooperativa os cooperados desejam.”

    “Faremos uma homenagem ao Sr. Noé Galvão. É a pessoa mais importante nesses 23 anos de existência da Credisg. Em reconhecimento a essa importância vamos fazer uma homenagem a ele no dia 16, dia do aniversário da Credisg: a partir desta data, a sede da instituição será denominada 'Noé Rafael Galvão'. Vamos colocar uma placa na entrada do prédio, para que seu nome seja eternizado dentro da história da Credisg.”

    “Os associados reconheceram a necessidade de renovação, de mudança. Tivemos 75% dos votos de aprovação na Assembleia.”

    “Hoje os ativos da Cooperativa somam 780 milhões de reais, e tudo isso graças ao trabalho de toda equipe da cooperativa e dos cooperados. A gente sabe que a confiança deles é que fez a cooperativa chegar ao patamar que chegou hoje.”

    “Sabemos que os desafios que temos a enfrentar são enormes. Primeiro pelo clima de incertezas na economia brasileira no atual momento em relação aos juros e a inflação. Pode ser bom para os aplicadores, mas muito ruim para as pessoas e para o próprio país, pois preferem aplicar o dinheiro que investir no processo produtivo. Uma de nossas ações será no sentido que fazer com que a cooperativa fique mais próxima do cooperado, e ele também mais próximo da cooperativa.”

     

    A criação de uma 2ª Vara na Comarca de São Gotardo já começa a mostrar resultados. Ao imprimir novo ritmo no andamento e conclusão de processos que aguardavam na fila de espera há anos – alguns deles, mais de uma década –, a Justiça cumpre seu papel, respondendo aos anseios de uma sociedade que sempre clamou por mais celeridade no desfecho de processos penais e criminais, tanto por parte das vítimas como também dos acusados, que muitas vezes aguardam uma decisão judicial para o cumprimento de suas penas.

    Empossada no posto de juíza titular da 2ª Vara Cível, Criminal e da infância e juventude da Comarca de São Gotardo, no dia 9 de novembro de 2022, Dra Dielly Karine Moreno Lopes se debruça diariamente sobre as prateleiras abarrotadas de processos que aguardam uma sentença, uma decisão final. Cada Auto infracional exige um sem número de etapas e trâmites jurisdicionais para ser levado a termo, no caso, a sentença final. Em se tratando de crimes dolosos contra a vida, o réu é levado a julgamento em sessão de júri popular.

    Em um balanço mais recente, no mês de maio, em esforço concentrado, a excelentíssima juíza, Dra Dielly Lopes, presidiu oito sessões de julgamento, todos com a presença de júri popular, no novo fórum da Comarca.

    Veja abaixo um resumo de cada uma das sentenças proferidas neste período, a partir das denúncias oferecidas pelo Ministério Público:

    1 – Réu: Fábio Junior Amaral – respondeu pelo crime de homicídio, cometido em outubro de 2019 na cidade de Tiros – Vítima: Valdomir Ferreira do Amaral. O réu foi considerado culpado pelos jurados, mas com atenuantes, como bons antecedentes, ser primário e ter confessado o crime. Julgado procedente a pretensão punitiva, o réu foi condenado a seis anos de reclusão, em regime semiaberto.

    2 – Réu: Marcelo Soares – narra a denúncia que, em novembro de 2005, na cidade de São Gotardo, ele tentou matar a vítima Elterson Luiz Rabelo, bem como matou a vítima Gilvane Márcio de Oliveira. Tanto o Ministério Público como a defesa sustentaram a absolvição do réu. Os jurados reconheceram a materialidade e autoria do delito e absolveram o réu.

    3 - Réu: José Ferreira do Amaral – De acordo com a denúncia, em dezembro de 2011, no bairro São Lucas, o réu, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, matou a tiros Jaci Alves. Como o réu tem mais de 70 anos e outras atenuantes, o réu foi absolvido.
    4 – Réu: Ronaldo Raimundo – Em julho de 2004, no bairro Boa Esperança, o réu, por motivo fútil desferiu vários golpes de faca contra a vítima Regina Pereira de Araújo Martins, causando-lhe a morte. Considerando as circunstâncias judiciais expostas na sentença foi fixada a pena de seis anos de reclusão, em regime semiaberto

    5 – Réu: Francisco Sílvio Rodrigues Oliveira – o crime ocorreu em abril de 2010. O respondeu por duas tentativas de homicídio e um homicídio consumado – Sentença: 12 anos de reclusão em regime fechado.


    6 – Réu: José Luiz Moreira – Ele respondeu pelo crime de Tentativa de Homicídio. Os fatos se deram em março de 2009, no bairro São Geraldo. Ele atentou contra a vida de Antônio José dos Santos Sardinha. Foi fixada a pena de um ano de reclusão. Como o crime prescreveu, a pena foi extinta.

    7 – Réu: João Paulo Feitosa da Silva – Em junho do ano passado, no distrito de Guarda dos Ferreiros, ele atentou contra a vida de Alexandra Aparecida da Silva, por razões da condição do sexo feminino, dando início à execução de crime de homicídio, não consumado por circunstâncias alheias à sua vontade – Ele foi sentenciado a cumprir pena de 10 anos de reclusão.

     

    Publicamos na edição anterior a notícia de que foi apresentado junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres(ANTT) um pedido de autorização para construir uma ferrovia ligando Ibiá a São Gotardo.

    O interesse partiu da Verde Agritech, empresa responsável pela extração de Potássio aqui na região. O pedido se justifica pelo volume e capacidade de processamento do mineral, fartamente encontrado na região. O projeto apresentado à ANTT contempla o transporte de até 50 milhões de toneladas de fertilizantes potássicos por ano, cerca de 55% da demanda nacional, segundo a empresa. Estamos falando de carga pesada e em grande volume, o que torno dispendioso o seu transporte pelo meio rodoviário, encarecendo o custo final para o produtor agrícola.

    A alternativa proposta se justifica portanto, principalmente se levarmos em conta a disponibilidade de uma malha ferroviária bem próxima daqui, conectando sete estados e o Distrito Federal, sendo a principal rota entre as regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Esta rede de transporte sobre trilhos tem em seu trajeto uma estação na cidade de Ibiá, distante pouco de mais de 60km das unidades de produção da empresa.

    A viabilidade e autorização para construção deste trecho de ferrovia é aguardado para os próximos meses.

     


    O Trem que nunca chegou

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    Nesta reportagem especial, o Jornal Daqui lança luzes sobre um passado distante em que a Maria fumaça, a locomotiva da época, chegou bem próximo a São Gotardo, mas nunca aportou no município. Curiosamente, não foi uma, mas duas estradas de ferro que margearam as fronteiras de São Gotardo e deram meia volta, serpenteando rumo a outros destinos. Nem o advento do polo agrícola do Padap foi capaz de seduzir ou tornar possível a chegada do Trem de ferro por aqui nas terras do Confusão. Ficamos a ver navios, e só.

    Eis que agora, um século após o início da construção das duas ferrovias - que não guardam qualquer ligação ou contato entre uma e outra -, vemos reacender a esperança de que finalmente aquele desejo velado de todo bom mineiro que somos, possa se realizar. Enquanto isso, vale rememorar e conhecer um pouco mais da história sobre trilhos e Marias fumaças de um passado remoto:

     


    Barra do Funchal, a última estação

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    Distante apenas 30 Km da cidade de São Gotardo, às margens do Indaiá, onde o Funchal desemboca no grande rio – daí o termo 'Barra' -, resiste em perfeito estado de conservação o ponto final, a última estação da Estrada de ferro, denominada Estrada de Ferro Paracatu.

    Localizada no município de Serra da Saudade, na divisa com São Gotardo, o prédio da estação ferroviária é uma estrutura oriunda da Rede Ferroviária Federal, hoje desativada, está muito bem conservado e foi reformado recentemente. Possui uma plataforma, onde as pessoas embarcavam e desembarcavam do trem. Para se ter uma ideia do frenético movimento à época, a 'Pensão da Barra' servia até 200 refeições ao dia. Boa parte desses passageiros que ali circulavam eram sangotardenses, da cidade e da zona rural. Convém lembrar que as regiões dos Campos e Vila Funchal eram grandes produtoras de café, e o escoamento dos grãos não tinha outro destino: a Estação da Barra do Funchal. O Trem levava café e também passageiros. Por esta linha era possível chegar à Capital mineira. Falando em percurso, esta Ferrovia atravessava os municípios de Dores do Indaiá, Bom Despacho e Pintangui, entre outros.

    Convém aqui nos situarmos melhor no tempo: Em 28 de dezembro de 1922 foi dado início à construção do trecho final da Estrada de Ferro, ligando Dores do Indaiá a Serra da Saudade, cujo último destino seria Paracatu. Todavia, ao atingir a Serra da Saudade, em 1927, concluiu-se que, devido a topografia local, a construção deste trecho seria mais dispendiosa, uma vez que exigiria a abertura de diversos túneis e grande movimentação de terra.

    Em 1937, o trecho final da Ferrovia, entre Melo Viana e a estação Barra do Funchal foi concluído. Neste mesmo ano foi também concluída a construção do atual prédio da Estação, que hoje é patrimônio tombado e importante ponto de atração turística. Vale lembrar que pelo projeto inicial esta ferrovia atravessaria o município de São Gotardo rumo à Paracatu, o que não ocorreu. A estação final, portanto, da Ferrovia está localizada na divisa entre são Gotardo e Serra da Saudade.

     


    Estação de Ibiá continua a todo vapor

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    Ao contrário da Ferrovia cujo trajeto interligava a capital mineira até a Barra do Funchal, desativada no final da década de 1960, modernas locomotivas continuam em plena operação na outra linha de Trem de Ferro circunvizinha ao nosso município, construída também no início do século passado. Sua estação mais próxima está localizada na cidade de Ibiá. É por este caminho que a empresa Verde Agritech pretende escoar sua produção de potássio.

    A ferrovia é interligada a uma rede ferroviária que conecta sete estados e o Distrito Federal, que tem parte administrada pela Ferrovia Centro Atlântica (FCA). As ferrovias FCA são a principal rota entre as regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.

    Este corredor sobre trilhos é administrado pela empresa VLI, que presta serviços logísticos integrados aos clientes, em operações rodoviárias, ferroviárias, portuárias e conexões com terminais, atuando no transporte de grãos, industriais e minerais, fertilizantes, combustíveis, florestais e açúcar.

    Em audiência realizada na Câmara de deputados de Minas, há cerca de dois anos, Produtores e empresários demandaram a construção de um terminal de cargas em Ibiá. O objetivo é dotar a região de modal ferroviário para escoamento da produção agrícola, entre outras. O projeto continua em estudo; se viabilizado poderia beneficiar a região do Padap, transportando via ferrovia sua produção de grãos.

    Terça, 30 Maio 2023 13:08

    A carta de Antônio

    Tudo começou com uma mensagem enviada à nossa redação pela Assistente social da APAE, Juliana Lima. Funcionária da instituição desde 2014, conhece de perto os desafios enfrentados tanto por alunos, como pela própria sociedade em romper paradigmas e preconceitos. Exatamente por isso, Juliana percebeu em uma recente carta enviada por um ex aluno da APAE, uma grande oportunidade para reforçar a ideia de que na verdade somos todos diferentes, cada qual com suas virtudes e desafios.

    Não só pelo detalhe de ter sido escrita de próprio punho, mas principalmente pelo conteúdo da mensagem. Na carta, o ex aluno da APAE reflete sobre suas experiências, desafios e uma certeza, impressa como título e síntese de sua mensagem: “Ser diferente não é defeito”.

    Antônio de Almeida Xavier, o autor, é funcionário na empresa Dalila supermercados há vários anos. Antes de ingressar no mercado de trabalho, foi aluno da APAE, onde recebeu o apoio e suporte necessário para lidar com um transtorno de déficit inte-lectual. Ele é natural de Juazeiro do Norte, no Ceará.

    Juliana viu naquela carta uma mensagem que deveria ser ouvida e compreendida por todos, daí seu interesse em divulga-la: “muitas vezes a família e a sociedade vê essa questão da deficiência como um fardo. Antônio expressou na carta muito bem que não, que não são um fardo, que são na verdade especiais, com um coração enorme.” “Nos chamou atenção a atitude de Antônio, por ter vindo aqui pessoalmente para entregar a carta, deixando claro seu desejo de transmitir uma mensagem positiva e de muita esperança a todos os alunos aqui da APAE.”

    Além do suporte dado por profissionais terapêuticos e professores, a APAE tem como principal foco a Inserção social de seus alunos. Há todo um currículo de disciplinas e atividades neste percurso. O desenvolvimento das habilidades psíquicas e motoras de seus alunos é ferramenta permanente de transformação. “tem a parte escolar e aprendizados; depois ela é acompanhada pela assistência social, com foco, sempre que possível, no mercado de trabalho. A experiência de nosso ex aluno Antônio é um exemplo de resultado prático desse trabalho. Ele está há oito anos no supermercado Dalila. Ele recebe elogios da diretoria pelo profissional dedicado que é. A APAE dá o apoio, o mérito é sempre deles, dos alunos, pelos esforços e conquistas”, ressalta Juliana.

    A instituição trabalha com pessoas que apresentem algum tipo de deficiência intelectual, seja leve, moderada ou grave, incluindo portadores de Síndrome de Down, deficiência auditiva e visual. No caso do Autismo, atende a alunos que se enquadrem nessa situação, se não, ele pode frequentar a escola regular. De todas as deficiências, a mental é, sem dúvida, a mais frequente e a mais grave de todas, por afetar o indivíduo naquilo que ele tem de mais precioso, sua Inteligência.

    Antônio, ainda criança, já apresentava em seu quadro clínico sintomas de Transtorno intelectual leve. Quando chegou a São Gotardo, na pré-adolescência, ingressou na APAE. Lá recebeu o apoio e ferramentas para lidar e superar suas dificuldades. A partir daí, aprendeu a conviver socialmente com seus desafios. Ele aprendeu, por exemplo, que todas as pessoas são diferentes umas das outras, e que isso não é defeito.

    carta01

     

    carta02 

    Veja alguns trechos da carta de Antônio:

    - “Não, as nossas diferenças não mudam em nada, o que muda é o preconceito de pessoas que não sabem reconhecer a gente, muitas pessoas dizem que somos um fardo pesado no meio delas. Mas, eu digo o fardo mais pesado é o preconceito, a exclusão de pessoas ignorantes que não sabem o valor de ter alguém muito especial.”

    - “Ser diferente não é defeito, defeito é o preconceito e a exclusão de pessoas de fardos pesados.”

    - “Somos muito inteligentes e sábios, sabemos ouvir e enxergar, aprendemos o valor da vida e do respeito.”

    - “Amamos um ao outro sem ver a diferença, ser diferente não é defeito, defeito é não ter amor e compreensão pelo próximo.”

    - “APAE é uma escola de amor respeito e de felicidade e de inclusão. Amo a APAE.” 

     

     

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