No início da década de 70, quando o arado de boi ainda ditava o ritmo de nossa economia e farmacêutico era chamado de Doutor, germinava em São Gotardo as sementes de uma revolução de efeitos cataclísmicos, com força suficiente para revolver de suas entranhas as sombras do obscurantismo e do futuro incerto.
A revolução agrícola promovida pela implantação do PADAP, germinou graças a um conjunto de esforços, incluindo os governos brasileiro e japonês, governo de Minas, Allison Paulinelli, o ex prefeito José Luiz Borges, que ao lado do representante dos colonos japoneses, Dr. Gervásio Tadashi Inoue, conduziram e viabilizaram tanto a concretização deste audacioso projeto como a escolha de São Gotardo como cidade polo. Devemos, claro, incluir neste seleto clube de artífices os primeiros colonos imigrantes japoneses que realizaram a tarefa de provar que no solo árido do cerrado podia-se colher a soja, o café, a batata...
A colônia japonesa comemora como data de nascimento, o ano de sua chegada a São Gotardo, que foi em 1974, porém, o Programa de Assentamento dirigido do Alto Paranaíba foi de fato implantado no anterior com a consolidação do projeto e a publicação do decreto federal assinado em 13 de setembro de 1973. Pelo decreto foram desapropriados cerca de 60 mil hectares de terras do cerrado. Portanto, como atestam os registros históricos, o PADAP nasceu mesmo foi no ano de 1973. Assim posto, ele completa 50 anos agora, em 2023.
Luiz Sasaki, um dos pioneiros do Programa, publicou em seu livro Portal do Cerrado: “Conseguimos, com a implantação do PADAP na região do Alto Paranaíba, fazer de São Gotardo o celeiro de Minas Gerais... O resultado dessa nossa produção, todos conhecem. A cidade se desenvolveu, o poder aquisitivo da população é bem melhor. Os primeiros contatos para a implantação do PADAP iniciaram-se com as autoridades locais e a Cooperativa Agrícola de Cotia em 1972. Em 1973, concretizou-se o projeto com a desapropriação da terra”.
O PADAP foi o primeiro programa de exploração agrícola das terras, até então improdutivas, do cerrado. Os desdobramentos deste pioneirismo alcançaram relevância nacional, para não dizer, mundial. Hoje, graças ao cerrado, o Brasil é o maior produtor de soja do mundo.