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    Quarta, 26 Outubro 2022 22:43

    Quanto vale o voto

    Vamos votar. O ideal seria ir como se fôssemos a uma festa. Mas não é assim. Ânimos em alta, como numa final de Cruzeiro e Atlético nos tempos mais gloriosos. Dois lados: um quer ganhar, o outro também.

    Uma partida de futebol envolve interesses bem menores que os de uma eleição para presidente da República. Mesmo no futebol, há interesses de milhões de reais: quem ganha leva bolada maior! Além do prestígio. Os vitoriosos ficam alegres, mas nada impede que os perdedores também. Podem bebemorar juntos, uns rindo, outros não, mas na paz.

    Na política, os interesses em jogo são ZILHÕES. Difícil calcular. Envolve condições de trabalho, escola, saúde, segurança alimentar, de ir e vir sem ser assaltado, previdência para idosos. Palavrinhas que os candidatos usam para pedir voto. Assunto para outro artigo. Neste quero só chamar a atenção para a HISTÓRIA DO VOTO.

    Primeiramente não valia nada, nem existia. Dizem que os gregos o inventaram pelos 500 a.C. Era em praça pública. Imagine você gritando o nome do seu candidato e um “inimigo” te corrigindo com carabina na mão. Os romanos (200 a.C.) inventaram a urna: um avanço. Passamos por 1000 anos (500 a 1500) de uma Idade Média parada, com o Sol girando em volta da Terra, centro do mundo. A Igreja comandava, botava ordem com dogmas. Discordou? Fogueira! Não precisava eleger ninguém.

    Vamos saltar para 1600. Surgiu a crença do “DIREITO DIVINO”. O governante nascia com sangue azul, poderes absolutos, incontestáveis e hereditários. Ele fazia a lei, executava e julgava, com apoio do clero e da nobreza. Em troca, padres e barões não pagavam imposto, tinham empregos garantidos, privilégios, mordomias. Serviços e despesas por conta da ralé. E falavam: Deus autorizou!

    Foi preciso a Revolução Francesa (1789-1792) para acabar com essa (para nós hoje) pouca vergonha. Vê lá se Deus, com tanto serviço e tendo nos dado o “livre arbítrio”, iria assumir essa responsabilidade. Isso é problema nosso, do ser humano. Os franceses inventaram o voto moderno cortando milhares de cabeças de nobres e reis para implantarem a “república”. Primeiro era voto censitário. Tinha que comprovar renda. No Brasil, pela Constituição Imperial de 1824, só votava homem de 25 anos com renda anual de 100.000 réis. Se quisesse ser deputado ou senador, 400.000 réis. (Mudou?)

    Em 1891, com a Constituição republicana, acabou o voto censitário, mas mulheres e analfabetos ficavam fora. Mais da metade da população. Mesmo assim, os coronéis amarravam o pescoço do eleitor com um cabresto, conduziam a um curralzinho, davam sanduíche e cachaça e ganhavam com 90% dos votos.

    Em 1932 foi aprovado o voto feminino a partir de 21 anos. E não foi de graça! Os homens não estavam interessados. O argumento principal era: a expansão dos direitos femininos abala a instituição da família (alguma semelhança hoje?). Bertha Lutz lutou muito. Para dar um exemplo trágico: Emily Davison atirou-se sob as patas do cavalo do rei Jorge V e morreu! Em 1913. Era uma sufragista da Inglaterra lutando pelo direito de votar.

    A luta dura mais de século, desde 1893, quando a Nova Zelândia aprovou o voto feminino (1º. país a fazê-lo) até a Arábia Saudita em 2015 (último). No Brasil, só em 1988 o voto se tornou universal, sem restrição de gênero, raça, escolaridade, condição financeira.

    Por que o voto é tão importante? Boa pergunta! Antes não existia. Inventado, eram pouquíssimos os eleitores. Ampliado, começou a valer um par de botina, uma nota de cem. Hoje? Vale auxílio emergencial de 600, vale-gás, gasolina mais barata, etc. Estas eleições estão sendo uma grande escola para escancarar o valor do voto.

    Quem sabe avaliar conclui: não tem preço. Qual o preço de seu filho? De sua honra? Da sua vida? O voto deve ser incluído nessas categorias de artigo. O eleitor tem mais chance de fazer uma escolha melhor para ele e para a sociedade (tá no Gugle).

     

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