Moradores da cidade foram surpreendidos com a notícia divulgada através de um folheto que a Taxa de esgoto vai dobrar de valor a partir do mês de novembro, passando dos atuais 47% para 97,5% sobre o valor da água. Assim, um consumidor que paga R$100 de tarifa de água no mês, com o reajuste, a conta final saltará para R$197,50.
De acordo com a empresa responsável, a Copasa, este aumento foi autorizado em contrato, assinado no ano de 2008 com a prefeitura, e homologado através de uma Lei municipal aprovada pela Câmara naquele mesmo ano. Pelas cláusulas do convênio assinado, assim que a Estação de Tratamento de Esgoto começasse a operar o reajuste entraria automaticamente em vigor.
O Contrato
A Taxa de esgoto cobrada pela Copasa está dentro da Lei. Ela foi autorizada em contrato assinado em 2008 pela Prefeitura Municipal de São Gotardo, e devidamente avalizada pelo Poder Legislativo – no caso, com uma Lei municipal aprovada pelo Poder Legislativo naquele mesmo ano. Sem dúvida alguma a assinatura deste contrato foi para a Copasa um excelente negócio. E péssimo para os moradores da cidade. A Copasa tem sido alvo de permanentes reclamações, tanto pela qualidade da água, quanto pela falta dela - em São Gotardo e em Guarda dos Ferreiros -, o que se explica em parte pela falta de novos investimentos, tanto em outras fontes de captação, como na ampliação da estrutura de tratamento, não acompanhando o crescimento da cidade nos últimos 20 anos.
Além do mais a prefeitura de São Gotardo deu praticamente de graça os 78 Km de rede de esgoto já instalada, construídos com... o dinheiro do povo. É graças principalmente à esta estrutura que a Copasa vem cobrando desde 2009 até então, a injusta Taxa. Sem falar no Balneário, um portentoso reservatório - que deveria garantir água pelo menos nos períodos de seca - foi cedido para uso exclusivo da Copasa.
Esgoto ainda é jogado no Córrego Confusão
Sobre a Avenida Tabelião João Lopes tem uma rede pluvial. Nela, além da água das chuvas corre esgoto. Conforme reportagem publicada neste Jornal o superintendente regional da Copasa havia prometido, ainda no início deste ano, construir uma rede de esgoto no trajeto: "Nós vamos construir Redes de esgoto em algumas ruas da cidade. Aqui na parte central nós temos algumas situações assim. Então, nós vamos coletar exclusivamente o esgoto, eliminando problema do lançamento do esgoto em rede drenagem pluvial. Isso é um problema sério, nós sabemos, principalmente nos períodos chuvosos." Ao que tudo indica o projeto foi abortado, optando-se por uma solução diferente da anunciada. Resta saber como vão separar a água das chuvas do esgoto.
Nossas câmeras confirmaram também: o esgoto de bairros como o São Vicente continua sendo jogado no Córrego, correndo, inclusive, a céu aberto, como mostram as fotos ao lado. De acordo com o folheto distribuído pela Copasa "o esgoto que já era coletado pela empresa passará por um completo tratamento antes de ser devolvido ao Córrego Confusão" Só depois de 100% despoluído o Córrego é que a taxa poderia ser reajustada.
Apenas parte da população vai arcar com o aumento
Enquanto uns pagam, outros não. Como já havia sido divulgado pela própria empresa, e confirmado agora pela nossa reportagem, apenas o esgoto jogado no Córrego Confusão vai ser tratado. Os consumidores instalados na outra parte da cidade, incluindo bairros como Sol Nascente, Geraldo Marques, Santa Terezinha, Liberdade, em que o esgoto é despejado no Córrego do Arroz, vão continuar pagando os atuais 47% sobre o valor da água, ficando assim, livres do aumento.
Este procedimento desigual se deve ao fato de que não foram concluídas as obras de captação e escoamento do esgoto despejado no Córrego do Arroz. Causa surpresa que uma empresa do porte da Copasa não tenha sido capaz de concluir num prazo de 10 ANOS - o contrato passou a vigorar a partir de janeiro de 2009 - as obras. É ainda mais surpreendente se levarmos em conta que ao longo desse tempo a Copasa já tenha arrecadado um valor exorbitante com a taxa de esgoto cobrada até então.