São dezenas deles, perambulando pelas ruas, tanto na área central da cidade como nos bairros. Enquanto uma parte da população reclama e protesta contra a presença dos chamados Cães de rua, outra parcela defende medidas de proteção, coibindo maus tratos e mesmo fornecendo água e ração nas calçadas. Se por um lado, o problema divide opiniões, de outro, todos concordam que algo precisa ser feito. Em tese, é responsabilidade do poder público apontar e aplicar soluções efetivas, mas esta tarefa, no entanto, vem sendo cumprida por entidades filantrópicas. De fato, a prefeitura fez a doação de um terreno em 2015, e atualmente paga o aluguel de uma casa para tratar de cães em grave situação de risco. Gastos extras como o pagamento de médico veterinário, remédios e ração dependem da boa vontade de doadores.
Os chamados Cães de rua, em sua grande maioria, foram abandonados pelos seus donos. Estes são de fato, os principais responsáveis. Como lembra a ativista dos direitos dos animais, Adriana Lopes(foto abaixo) é comum o descarte de animais quando estes representam um problema para o dono. É o caso, por exemplo, de uma cadela, que depois de prenhe, é abandonada com seus filhotes, ou quando o cachorro fica doente, ou representa um problema para o dono. Os filhotes abandonados crescem, se reproduzem, alimentando assim, um círculo vicioso. "Os voluntários e as associações não conseguem pôr fim a este ciclo se as pessoas não tiverem consciência que não é assim que deve fazer". Ela alerta.
A clara identificação do abandono como causa principal, aponta uma das soluções: a própria sociedade deve conter e coibir tal prática, evitando a prenhês indesejada, por exemplo. Falando nisso, uma das principais ações de controle para evitar a proliferação de mais e mais animais nas ruas são as campanhas de castração, desenvolvida pelas entidades de proteção. É uma solução simples e eficiente, mas que esbarra na falta de verbas para cobrir os gastos com a operação, mesmo levando-se em conta o apoio dado por algumas clínicas veterinárias que realizam a cirurgia pela metade do preço. Além do mais, é preciso ressaltar que pouco resolvem campanhas como esta se donos continuarem abandonando seus cães nas ruas da cidade.
Adriana Lopes de Paula é defensora da causa desde 2014, quando assumiu um posto na diretoria da Associação "Cães de raça vira-lata". Ela participou diretamente do esforço para conseguir a doação de lote pela prefeitura. No local, o plano é construir um abrigo para cuidar de cães em situação de risco. Ela conversou com nossa reportagem sobre aspectos importantes em torno do tema. Veja.
Adriana Lopes
Outras iniciativas existem para lidar com o problema
"As associações se esforçam para tratar os cachorros que já estão doentes. Infelizmente, as pessoas não gostam de dar um lar temporário até que o cachorro fique bom para poder ser castrado. Mas o processo é assim: a associação cuida, cura, castra e coloca para adoção. Mas nem sempre a associação tem dinheiro; os voluntários tiram dinheiro do próprio bolso, porque tem um custo, e o custo é alto. Por mais que as clinicas veterinárias ajudem as associações e voluntários - e ajudam muito mesmo, o custo fica alto. O trabalho de uma associação que cuida desses animais abandonados tem uma enorme importância social, então cabe a população conscientizar que tem que ajudar as associações, porque o poder público também não consegue dar todas as soluções."
Alguns moradores fornecem ração e água na porta de suas casas. É meritório, mas não resolve o problema.
"De uns tempos pra cá, as pessoas tem se comovido, quem dera se todos se comovessem e colocasse ali uma vasilha de agua e de ração na porta, pois assim esses cachorros não ficariam tão doentes, tão fracos. Claro que não ataca o problema raiz, de ter tanto cachorro abandonado na rua. Essas pessoas conseguem ajudar, e eu acredito que todo protetor, todo voluntario, toda associação é muito grato por isso."
Os caminhos e soluções
"Primeiro: ao comprar ou adotar um cão, castre o animal. A cadela deu o primeiro cio, pode castrar; o cachorro macho, se não me engano, já com seis meses ou um ano pode castrar. Porque lá pra frente você pode, às vezes, não ter condições de cuidar dele, então se você vai doar esse cachorro ele já está castrado, ele não tem possibilidade de ficar procriando. Primeiro, castrar. Adquiriu um cachorro, adotou um cachorro, castra. Segundo, tentar de alguma forma ajudar as associações, com 1 real que seja."
Em relação aos custos com a castração as associações oferecem um caminho que inclusive, é mais barato
" Tem uma associação que se chama ASPA e oferece uma forma de castrar mais barata. Por exemplo, a pessoa faz o cadastro, a castração de uma cadela, de um cachorro, gira em torno de R$90 a R$120 reais, bem mais barato que na clínica particular. Ao passo que você está ajudando, levando seu cachorro pra castrar, ao mesmo tempo elas pegam uma parte desse valor e castram os cães de rua. Ajuda demais. Ou se não tem nenhum cão em sua casa pra castrar, você pode doar qualquer valor, que ajuda, e muito."
Doação de lote para construção de um abrigo
Em 2015 foi doado um terreno pela prefeitura pra construir o Abrigo-canil. Não foi construído ainda porque não tinha a escritura, mas já está sendo resolvido. Só que lá o intuito principal é a castração. Primeiro de tudo vai ser construído um centro pra castrar, e também espaços pra recuperação desse cães até serem disponibilizados para adoção. O objetivo é castrar cães particulares também.
Abrigo provisório
Hoje a prefeitura paga o aluguel de uma casa para recuperar os cães em situações mais graves, por exemplo um cachorro acidentado. Quando alguém não socorre, fica por conta da associação, que faz todo processo de cirurgia, que é caríssimo, e aí deixa o cachorro lá recuperando. Ou um cachorro que tem uma doença muito grave, achado na rua, alguém da associação resgata e leva pra lá. Porém, este abrigo provisório não é depósito de animal, é para recuperação em casos extremos.