As notícias não estão sendo boas nesse ano de 2019.
A cada dia que abrimos um jornal ou ligamos uma televisão, ou um site de notícias, levamos um susto.
Em janeiro assistimos, chocados, ao resultado de mais uma negligência em busca de um lucro fácil e volumoso. Mais uma barragem estourou em Minas Gerais e, não se pode afirmar ser coincidência, mais uma barragem da Vale. É público e notório que a sede por um lucro alto e fácil custou a vida de quase duas centenas de pessoas além das pessoas que ainda estão desaparecidas e é ainda mais público e notório que essa empresa ficara impune, como no caso da barragem em Mariana, por total incapacidade da justiça em se fazer valer. A impunidade será a tônica dessa tragédia. Como em Mariana...
Perdão, não quero ser injusto. A Justiça será rígida se alguém roubar uma galinha...
Em fevereiro ficamos novamente chocados com a morte de 10 pessoas na concentração de um clube de futebol no Rio de Janeiro por absoluta falta de responsabilidade dos dirigentes desse clube. Mais uma vez a impunidade irá prevalecer e novamente não haverá punição para os responsáveis por essa gambiarra assassina.
Perdão novamente. O nosso ladrão de galinha ai de cima será preso e julgado severamente...
Em março, mais uma tragédia. Dois rapazes entram em uma escola no interior de São Paulo e fuzilam várias pessoas. Resultado: 10 mortos e vários feridos. O que se vê nos noticiários? Especulações de toda ordem e nenhuma proposta ou medida que seria eficaz para evitarmos mais tragédias como essa. Na verdade, quando olhamos para a frente o horizonte é sombrio diante da flexibilização da compra e do porte de armas no Brasil.
E o governo mineiro, para reduzir despesas, fala em dispensar a segurança nas escolas estaduais.
O que está acontecendo com o nosso país afinal?
O tão propalado combate à corrupção parece que virou lenda. A mudança recente de governo está indicando que mudou somente o endereço para onde a propina será enviada. Várias denúncias de corrupção arranham a já tão frágil imagem do governo sem que medidas efetivas para combater a corrupção sejam implantadas. Na verdade, vem acontecendo o contrário já que o que antes era corrupção, como o caixa-dois, já não é mais.
A economia brasileira continua a piorar. As projeções de crescimento do PIB estão sendo constantemente revisadas só que para baixo. A projeção de cerca de 3% para 2019 hoje está na faixa dos 2%.
O mercado de trabalho está em franca decadência com uma taxa de desemprego que aumente persistentemente. O nível de renda do trabalhador está estabilizado em torno de R$2.000,00 na média. A reforma trabalhista já se mostrou incapaz, como já dissemos anteriormente, de gerar novos empregos.
A reforma da previdência, por sua vez, também não irá gerar empregos pela maior capacidade de investimento do Estado. Na verdade, a reforma da previdência não irá dar condições de investimento ao Estado.
Em 2018 o crescimento do PIB se mostrou igual ao crescimento do PIB em 2017. Ou seja, andamos, andamos e não saímos do lugar.
A indústria de construção civil e a indústria de transformação não irão crescer o esperado para 2019.
Todas essas informações acima mostram que a forte retração da economia continuará e nada, nenhuma medida para reverter esse quadro foi sequer anunciada pelo governo atual. Não foi apresentada nenhuma proposta concreta, eficaz, para reduzir o desemprego, para estimular o maior investimento das empresas ou mesmo do governo.
Não se pode, de forma irresponsável, achar que a reforma da previdência irá gerar esse ambiente favorável aos negócios. Esse é verdadeiramente um conto-da-carochinha como diziam nossos avós.
Esse ambiente favorável virá quando houver consumo, demanda. Onde as empresas se sintam dispostas a investirem e as pessoas confiantes para consumir. Onde o Estado fará o que deve ser feito, estimulando o consumo privado, combatendo de forma eficaz o desperdício e a corrupção.
Não podemos mais viver com a ideia de que a crise da previdência ocorre por causa da aposentadoria da Dona Marocas e que somente o ladrão de galinhas será preso e julgado exemplarmente.
Ó tempora, ó mores...