E as notícias não são boas. Na verdade, são desanimadoras.
Recentemente o Ministério do Trabalho e Emprego disponibilizou dados do CAGED – Cadastro Geral do Empregados e Desempregados - sobre o nível de emprego para o Brasil, Estados e Municípios.
Os números não nos dão boas notícias. Pelo contrário, ainda estamos aguardando a tão prometida geração de empregos em função da aprovação da reforma trabalhista de 2017. Ou será que estamos diante de mais uma "história para boi dormir"?
O que importa é que os números nos mostram que a economia brasileira está devagar, quase parando. O número de desempregados é enorme. Já temos, considerando todos, inclusive os chamados desalentados, cerca de 45 milhões de pessoas sem trabalhar. É um número assustador.
Vamos olhar com mais atenção o que os números do CAGED nos dizem, tanto no que se refere ao Brasil, a Minas Gerais e a São Gotardo.
No total, no Brasil, em fevereiro e com relação ao mês anterior, houve um crescimento no nível de emprego em 0,45%. Para Minas Gerais, a variação no mês foi de 0,65% e São Gotardo, acompanhando o número nacional, apresentou uma variação de 0,46% no emprego no mês de fevereiro.
É muito pouco.
O setor que apresentou maior variação em São Gotardo, foi o setor de serviços: 1,57%. Em segundo lugar aparece o setor de construção civil: 1,02% - seguido pelo setor agropecuário: 0,70%. Industria de transformação e comércio apresentaram variação negativa, -0,46% e -0,62%, respectivamente, que significa dizer que demitiram mais do que contrataram.
Resultados pífios...para se ter uma ideia do que esses números representam, tomemos o setor de construção civil. Apresentou uma variação positiva de 1,02%, o que representa a contratação de 7 pessoas e a demissão de 5 gerando um saldo de 2 pessoas. Em termos líquidos, em fevereiro, somente 2 pessoas foram contratadas nesse setor. O setor de serviços, a maior variação, contratou 85 pessoas em fevereiro, porém demitiu 57.
Para uma melhor ideia do que está acontecendo, em fevereiro de 2018, a variação do emprego para São Gotardo foi de 3,52%.
Se começarmos a analisar de forma mais detalhada os números para Minas Gerais e para um Brasil como um todo, veremos que se tratam de contextos semelhantes.
Na verdade, está ocorrendo uma retração da atividade industrial que afeta, direta ou indiretamente, São Gotardo. A indústria brasileira participava, na década de 80%, 20% do PIB, em 2017 participou com 11,8% e em fevereiro de 2019 a queda da atividade industrial foi de -0,2%. O resultado disso é um aumento no número de pessoas que, não conseguindo emprego em outros setores, passam a trabalhar por conta própria. No primeiro trimestre de 2019, de acordo com o IBGE, em relação ao primeiro trimestre de 2018, o crescimento do número de pessoas que trabalham por conta própria foi de 2,8%, somando 24 milhões de pessoas. Portanto, está em curso, nesse momento, uma forte precarização da força de trabalho pela piora das condições de trabalho e a brutal queda nos rendimentos do trabalho. Não é à toa que criaram o termo "uberização" para exemplificar essa precarização da força de trabalho.
Não há movimento empreendedor que dê conta dessa situação.
Diante desse quadro perverso de retração econômica, buscamos alguma informação para saber o que se pretende fazer para combater esse desemprego monstruoso e descobrimos que o atual governo federal, até esse momento, não tem nenhuma proposta, concreta ou não, de política para promover o crescimento do emprego. Nada está sendo feito.
Todo o debate que envolve Brasília está se limitando a uma reforma da previdência que está sendo posta como a panaceia ideal para os nossos problemas. Uma beberagem que basta ser ingerida que todos os nossos males desaparecerão.
Infelizmente não é verdade.
A reforma da previdência não irá gerar condições para aumento no nível de investimento do Estado. A economia que é anunciada, 1 trilhão de reais em 10 anos, mesmo que seja verdade, não será revertida em gasto com saúde, educação, saneamento, etc., etc., etc. Será absorvida pelo setor bancário através da imexível política de prioridade de pagamento dos juros da dívida interna.
Existe aqui uma lógica econômica cruel: se o governo reduz seus gastos a economia se contrai, o governo arrecada menos por causa do desemprego e do endividamento das famílias e, se o governo reduzir ainda mais seus gastos, como por exemplo a reforma da previdência, estaremos apagando fogo com gasolina.
A solução chega a ser simples. Se queremos acabar com o déficit da previdência, se queremos reduzir esse desemprego perverso, o Brasil precisa crescer e para crescer é necessário um ambiente que seja favorável não só aos empresários como também aos consumidores. É necessário ter emprego, ter renda, consumo e, principalmente, ter confiança no futuro.
Se não houver um estímulo ao investimento, um estímulo à produção real, de bens e serviços, não haverá emprego, não haverá renda, não haverá consumo e também não haverá confiança no futuro e não adianta dizer que somente após o governo equilibrar suas contas isso acontecerá.
Simples assim.