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    Terça, 25 Abril 2023 22:21

    Uma grande estátua com pés de barro.

    No mês passado, vimos nos jornais e nos noticiários que dois bancos nos Estados Unidos quebraram.

    Eram bancos menores, regionais e, no entanto, de grande importância no mercado financeiro americano por terem se especializados no financiamento de empresas de tecnologia e startups, no famoso Vale do Silício.

    Quebrara por absoluta falta ou descontrole em suas gestões, mas o que importa não é porque quebraram e sim quais os impactos dessas falências, afinal, nesse mundo controlado pela Alta Finança, deixar um banco quebrar só pode ser mesmo muita falta de gestão.

    Ou muita ganância.

    O fato é que, a quebra desses bancos gerou uma grande desconfiança que se espalhou pelo mundo todo, chegando inclusive aqui ao Brasil.

    A consequência mais grave ocorreu na Suíça. Lá, um grande banco de investimento, o Credit Suisse, não conseguiu resistir às desconfianças do mercado em relação à sua liquidez até chegar ao ponto de ter que fechar as portas em um dia da semana por não ser capaz de atender as demandas de seus clientes.

    Rapidamente o Banco Centro Suíço interveio e conseguiu que outro grande banco, UBS, incorporasse o Credit Suisse, gerando um grande alívio nos mercados financeiros mundiais.

    A questão que temos que pensar é que temos um grande sistema financeiro que, com algumas características regionais, se fundamenta em uma lógica que prevalece em todo o mundo, ou seja, um sistema financeiro que, apesar de dominante, é frágil. Extremamente frágil.

    Frágil porque se apoia na confiança dos agentes. Nas expectativas dos agentes em relação à sua lucratividade e rentabilidade. Só que essa lucratividade, por sua vez, se apoia em uma estrutura que não se apoia a nada.

    Explicando melhor. Com o fim do chamado lastro ouro que prevaleceu no século XIX e inicio do século XX e mesmo com a tentativa de o reviver após a segunda guerra mundial, a partir dos anos 70, o mercado financeiro mundial se sustenta em moedas completamente sem lastro e, como existe uma capacidade dos bancos em criarem moedas escriturais via abertura de contas, o céu se tornou o limite para a ação dos bancos.

    Envolvidos cada vez mais em processos de inovação financeira, com a criação de engenharias financeiras cada vez mais complexas, fundamentadas em cálculos matemáticos e estatísticos avançados, os bancos se lançaram em um redemoinho especulativo de altíssimo risco, fortemente dependente da confiança dos mercados. Confiança essa que é facilmente quebrada.

    Foi o que levou à crise financeira de 2008, com a emissão de títulos lastreados em hipotecas, associado a total falta de regulação por parte do Estado norte-americano.

    Daí o enorme risco que corremos. Crises como a que surgiu nos Estados Unidos com a quebra dos bancos e a crise na Suíça, provocam medo generalizado em todo o mundo, forçando os Bancos Centrais a jogarem fora, literalmente, bilhões de dólares com o propósito de salvar esse sistema financeiro.

    As crises aconteceram e voltarão, com certeza, a acontecer. A questão é saber quando. No Brasil, mesmo agora e como foi em 2008, uma marolinha, como foi dito na época, temos um sistema financeiro mais regulado e esse fato segura um pouco a grande onda.

    Mas a ganância continua a existir e é a razão de todas as crises.

     

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