Muitos acreditam que a Economia é uma ciência insípida e mesmo chata. Em sala de aula percebo o olhar desanimado de alguns alunos quando se trata de estudar e, principalmente, entender as relações econômicas.
Em grande parte, a culpa é da própria ciência que, em alguns momentos, complica uma situação que é simples e o fato de usar e abusar da matemática para explicar o que pretende só piora tudo.
A verdade é que, em uma economia monetária como a nossa e quando falo nossa não penso em São Gotardo, ou Minas Gerais ou mesmo Brasil e sim estou pensando em praticamente todo o planeta, todas as relações econômicas se manifestam através da moeda e parece a todos que estamos correndo de lá pra cá atrás da moeda e somente atrás dela.
O que não é bem verdade. Estamos sim correndo, e correndo muito, de lá para cá atrás da nossa sobrevivência, da satisfação das nossas inúmeras necessidades e buscando conforto e uma vida sem muitas atribulações e precisamos da moeda, do dinheiro, para que isso possa acontecer.
E é exatamente neste ponto do entendimento que as coisas se complicam um pouco. Está enraizado na cabeça de todos que uma boa vida, tranquila, confortável, só é possível quando conseguimos acumular o máximo de bens materiais e se isso não acontece, sofremos.
Assim, conforto, prosperidade, paz, só são possíveis quando acumulamos, quando reunimos bens e para muitos, infelizmente, a não reunião desses bens significa derrota, fracasso, doenças, insatisfações e frustações.
E para acumularmos bens, simbolizar nossa vitória através desses bens, precisamos do quê? Exato! De dinheiro. Assim, pensar em termos econômicos significa pensar em termos monetários e a Economia se torna uma ciência que estuda a distribuição desse dinheiro e nem sempre, ou melhor, quase nunca essa distribuição se dá de forma justa. Justiça é um conceito que muitas vezes passa ao largo da Economia.
Assim, Economia passa a ser uma ciência que estuda essa distribuição de dinheiro entre todos e essa distribuição se torna um conflito, uma disputa. Afinal, se felicidade, se bem-estar, se vitória, é fruto da acumulação de bens, quanto mais dinheiro eu tiver mais felicidade terei, mais reconhecimento social terei e como o bolo é único, se quero mais fatias alguém ficará sem, fatalmente. Milionários são bem reconhecidos e bem aceitos socialmente. Reconhecidos e respeitados. Agora, se falta o dinheiro, falta o reconhecimento e aceitação social.
Vale aqui, para muitos, a máxima que o dinheiro traz felicidade sim e se alguém não tem dinheiro é imediatamente considerado um fracassado. E o pior de tudo é que não é necessário que alguém te ache fracassado. Nós mesmos somos condicionados em nos sentirmos fracassados por não conseguir ter dinheiro.
É nessa lógica que os adeptos da meritocracia se sustentam. Se você não tem, a culpa é somente sua por não ser capaz de ter, de acumular. Infelizmente. Um raciocínio simples que traz consigo muita dor e muito sofrimento.
Quando escutamos ou lemos notícias sobre a questão econômica, estamos lendo ou escutando exatamente todo esse conflito gerado na busca pelo dinheiro e em tudo que ele representa. Arcabouço fiscal, reforma tributária, taxa de juros, salários, preços, todos esses elementos se resumem, não se pode dizer que de forma equivocada já que é a própria essência do sistema capitalista, em dinheiro.
O objetivo de vida é, portanto, conseguir acumular uma porção maior de dinheiro. Não importa se são pessoas, empresas ou governo. O que importa é acumular dinheiro e assim acumular respeito e principalmente, poder.
Se alguém quer entender de fato economia deve entender todas essas relações.
Justiça social, vida digna, conforto? É uma discussão que a Economia muitas vezes joga para debaixo do tapete e se alguém se atreve a colocar essa discussão na mesa é simplesmente taxado de comunista. Ou de ressentido!