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    Terça, 25 Julho 2023 22:11

    De novo e outra vez...

    Um assunto vem se repetindo na chamada mídia especializada e não será a primeira vez que falaremos sobre esse assunto neste espaço.

    Qual é esse assunto? Só poderia ser sobre a questão da taxa de juros e a independência do Banco Central.

    Começando pela taxa de juros, temos que entender duas narrativas. Uma, a lógica do Banco Central que considera que a taxa de juros é a principal e mais eficaz ferramenta para controlar a elevação contínua dos preços, ou como conhecemos, a inflação.

    Este argumento é aparentemente simples. Funcionaria assim: quando o Banco Central aumenta a taxa de juros, duas coisas acontecem. Uma delas é que o preço dos financiamentos, empréstimos, tendem a aumentar. Assim, as pessoas comprariam uma menor quantidade de produtos financiados. As empresas, da mesma forma, investiriam menos, comprariam menos insumos, matérias primas, produtos para estoques, etc, e reduziriam suas vendas.

    Seria um círculo vicioso. As pessoas compram menos, as empresas, por sua vez, produzem menos e, aqui seria o pulo do gato. As empresas reduziriam seus preços para convencer as pessoas a compraram mais já que os produtos estão mais baratos.

    A outra coisa que acontece é também um raciocínio simples. Com a taxa de juros maior as aplicações financeiras ficam mais vantajosas e tanto as pessoas quanto as empresas iriam optar por aplicar seus recursos a gastar em compras. Da mesma forma, caem as vendas e as empresas reduziriam seus preços porque estão vendendo menos.

    Caindo os preços, cai a inflação. E assim, bingo! Todos estão felizes...

    A outra narrativa que vem dominando os espaços na mídia é a existência de um Banco Central independente e com sua direção com um mandato fixo e, portanto, livre das interferências políticas do governo central.

    O Banco Central, assim, seria um órgão totalmente técnico que tomaria suas decisões à parte do jogo político e poderia agir como deveria para controlar a inflação, o que ele vem fazendo afinal.

    Dois lados de uma mesma moeda, desvalorizada e corroída pela inflação.

    A primeira pergunta que pode ser feita é se o Banco Central é realmente independente e se essa independência é de fato necessária. Um ponto que todos devemos ter em mente é que nenhuma decisão política ou econômica é totalmente isenta. A independência do Banco Central existiria de fato se todas as suas decisões afetam, da mesma forma, todos os agentes econômicos, ou, dito de outra forma, todos nós.

    O que realmente não acontece. Afinal, a manutenção da taxa de juros em patamares elevados beneficia brutalmente o mercado financeiro, ou, como gostam de dizer, a Faria Lima. Uma taxa de juros elevada gera uma forte transferência de renda do setor público e privado para a banca financeira. Grande parte dos nossos recursos são engolidos pelos bancos sem que haja de fato algum retorno social. O pouco que a maioria das pessoas ganham são consumidos em juros e, infelizmente, deteriorando fortemente as condições de vida da população.

    A independência do Banco Central é um verdadeiro canto de uma sereia!

    Quanto à inflação, os índices estão de fato em queda e mesmo assim, na última reunião do Banco Central foi decidido pela manutenção da taxa de juros sem a menor expectativa de queda.

    E voltamos a um mesmo ponto. As condições de vida da população pioram. Apesar de apresentar queda, a inflação continua elevada e continua a pressionar pelo aumento da miséria da população e assim voltamos a fazer uma pergunta que já foi feita aqui algumas vezes.

    Afinal, o que queremos. Uma taxa elevada que vem beneficiando enormemente o setor bancário sem beneficiar realmente a população ou um aumento do bem-estar social, mais emprego, mais renda e menos sofrimento?

    Não é uma pergunta difícil de ser respondida.

     

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