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    Terça, 17 Outubro 2023 21:57

    A luz no fim do túnel voltou!

    As notícias começam, lentamente, a melhorar.

    A taxa de desemprego apresentou queda. As previsões sobre o crescimento começam a serem revistas para cima, os preços estão reduzindo sua taxa de crescimento. Produtos como a carne, que se tornou um dos principais problemas na mesa do brasileiro vêm apresentando reduções nos seus preços e os churrascos nos fins de semana estão se tornando mais animados.

    Afinal, churrasco de ovo e pé de frango não tem muita graça...

    Muitos dizem que é sorte. Que o atual governo é um governo de sorte e que basta iniciar sua gestão que os indicadores começam a melhorar. Os preços das commodities aumentam, o barril de petróleo fica mais barato, as empresas ofertam mais empregos e por aí vai.

    Na verdade, não existe sorte na atividade econômica.

    Existe sim a conjunção de políticas econômicas com mudanças de conjuntura e é muito difícil acreditar que a conjuntura era ruim no dia 31 de dezembro e que melhorou sensivelmente no primeiro dia do ano seguinte.

    O governo atual vem buscando alterar o rumo da economia brasileira e o primeiro passo que teve que ser dado foi a redução da taxa de juros no Brasil. Uma das taxas de juros reais mais alta do mundo arriscando a ser a mais alta do mundo.

    Não há investimento produtivo que se sustente com taxas reais de juros no patamar de 8%, 9% ou mesmo 10%. Juros reais, explicando melhor, são calculados deduzindo da taxa de juros nominais, por exemplo, uma taxa de 14% ao ano. Esta é uma taxa nominal. Se a inflação no mesmo período for de, também um exemplo, 5%, a taxa real é a diferente entre a taxa nominal e a taxa real, ou seja, teríamos uma taxa real de 9%.

    Foi um exemplo, mas um exemplo muito próximo da nossa realidade.

    E situações como essa elevam o custo financeiro dos investimentos, provocam uma transferência brutal de renda da esfera produtiva, que gera emprego, para a esfera produtiva que tem uma capacidade muito pequena de geração de emprego, ou melhor dizendo, é um setor mais estéril do que a produção, seja industrial, de serviços ou relacionada ao campo.

    Quando essa discussão sobre a taxa de juros veio à tona, sobre a necessidade de se reduzir essas taxas para estimular investimento, emprego e consumo, esbarramos em uma excrecência que foi criada em um passado recente que a malfadada independência do Banco Central em relação às decisões de política econômica.

    A lógica adotada para se defender essa independência foi de que o Banco Central precisa ter liberdade para controlar a alta de preços, ou seja, a inflação, através da manutenção de taxas elevadas de juros para desestimular o consumo e, portanto, desacelerar a inflação.

    No entanto, não é possível entender que o controle monetário exercido pelo Banco Central seja independente das decisões de política econômica levadas a cabo pelo poder executivo. A moeda é fator fundamental nesse conjunto chamado de economia e não um mundo à parte.

    Dessa forma, um dos embates levado a cabo pelo governo atual foi buscar junto ao Banco Central mecanismos para reduzir a taxa de juros. Por sua vez, o BACEN se mostrou rígido nas suas decisões sobre a taxa até que a inflação mostrou tendências de queda.

    Só que essa tendência de queda foi o resultado de uma forte retração do consumo e renda, levando milhões de pessoas de volta ao nível de pobreza, milhões de pessoas desempregadas, aumento da insegurança alimentar e mesmo fome.

    Os preços podem cair? Sim, podem. Mas a que preço?

    As empresas reduzem vendas, passam a sobreviver com taxas de rentabilidades baixas, as pessoas não consomem, não trabalham porque as empresas não vendem e por aí vai.

    Além do fato de que a inflação brasileira não é necessariamente uma questão de elevação de preços por excesso de demanda.

    São muitos os problemas que enfrentamos. Baixa qualificação do trabalho, baixos níveis de remuneração, baixa capacidade de poupança, uma forte concentração de renda, um sistema tributário injusto e em alguns momentos regressivos e vários outros.
    Uma reforma tributária já foi feita, mas ainda insuficiente. Se faz necessário colocar na base tributárias os tão falados "super ricos", algumas poucas pessoas que concentram absurdos 90% ou mais da renda em suas mãos e que vivem em uma bolha de riqueza que se tornou ofensiva ao resto da população.

    São muitos os problemas que temos que resolver e se resolverá por sorte?

    É claro que não! Não é sorte e sim vontade política e essa, felizmente, voltou.

     

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