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    José Eugênio Rocha

    José Eugênio Rocha

    Lançado em abril pelo Governo de Minas, o projeto "Mãos Dadas" tem como eixo principal a municipalização das classes do Ensino fundamental que até então, são atendidas em escolas estaduais. Trata-se de uma transferência de responsabilidades, onde o município assume a gestão de todos os alunos matriculados do 1º ao 5º ano. Em São Gotardo, esta transição deverá realocar cerca de 300 alunos das escolas estaduais Afonso Pena e Sinfrônio Bahia(Capelinha do Abaeté) para escolas municipais.

    Dada a complexidade do processo, esteve em São Gotardo na semana passada, a convite da Câmara Municipal, o superintendente regional de educação, Carlos José Coimbra. Ele veio falar e esclarecer dúvidas sobre a implantação do programa "Mãos Dadas". Carlos Coimbra participou de uma reunião de estudos com os vereadores, que deverão em breve se debruçar sobre as discussões e votação de um projeto de Lei encaminhado pelo Poder Executivo que au-toriza a adesão do município ao programa estadual. Estava presente também neste encontro a secretária municipal de Educação, Renita Guilhermina, que já vinha participando com a prefeita Denise Oliveira de rodadas de discussões e tratativas junto ao governo estadual.

    O programa Mãos Dadas tem como pretensão con-cluir um processo já em curso há vários anos, onde o município se coloca como ente federativo responsável pela gestão do Ensino fundamental, do 1º ao 5º ano. Hoje, mais de 90% dos alunos matriculados nesta etapa de ensino já estudam em escolas municipais. O que o programa propõe é finalizar este processo, alcançando assim, 100% deste espectro estudantil. Ainda que soe como natural e pertinente esta transferência de responsabilidades, ela traz impactos diretos na vida de alunos, professores e funcionários das escolas, e ainda, na capacidade do município em oferecer estrutura física e funcional para receber estes mais de 300 alunos. Todas estas implicações foram objetos de discussão durante o encontro na Câmara municipal.

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    Veja abaixo alguns dos pontos abordados pelo superintendente Carlos Coimbra:

    • Tanto a Lei de diretrizes da educação nacional como a própria Constitu-ição delegam aos municípios a responsabilidade pelo Ensino fundamental. A maioria dos municípios mineiros já atendem a esta prerrogativa.
    • Mãos dadas significa maior interação entre estado e município.
    • A transferência dos alunos das escolas Afonso Pena(240 alunos) e Sinfrônio Bahia(72 alunos) se dará a partir de 2022, e serão realocados para as escolas municipais.
    • Para dar suporte a esta transferência de responsabilidades, o Governo do Estado se compromete a repassar para os cofres do município recursos da ordem de R$3,6 milhões de reais. Esse dinheiro deverá ser utilizado na construção, reforma ou ampliação de escolas ou creches.
    • Como o aumento do número de alunos da rede municipal, os recursos do FUNDEB, serão proporcionalmente aumentados a partir de 2023.
    • Em relação aos professores e funcionários efetivos que hoje trabalham nas duas escolas estaduais citadas, nada muda em relação a salários; permanecerão vinculados ao estado.

    Na próxima edição, o Jornal Daqui retorna ao tema.

     

    Com o objetivo de acompanhar e auxiliar as ações dos órgãos de saúde de nosso município no combate ao Coronavírus, o Legislativo Municipal através de seu presidente, o vereador Carlos Alves de Camargos, conforme portaria 21/2021, criou a Comissão Especial de Acompanhamento e Prevenção a COVID-19, composta pelos vereadores: Ana Flávia Rodrigues (Presidente); Valdivino Honorato de Oliveira (Relator); Lander Inácio Rodrigues Melo e Célio Martins dos Reis (Membros).

     

    Entrevista - Carlos Camargos - presidente da Câmara Municipal de São Gotardo

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    Um dos objetivos é manter a população informada sobre as medidas em curso, não é isso?

    Na formação da Comissão, optamos por nomear dois dos vereadores de primeiro mandato e outros dois do grupo de reeleitos. Uma proposta da vereadora Ana Flávia, a criação desse grupo de trabalho parte de uma necessidade, tanto de manter a população informada, como a de encaminhar às autoridades competentes, dúvidas e questionamentos sobre as medidas tomadas. Para isso os parlamentares estão atentos às manifestações e opiniões publicadas via rede sociais. Entre essas dúvidas eu poderia citar, por exemplo, aquela sobre a aplicação de testes; como os interessados devem proceder. Um outro questionamento, além do andamento da campanha de vacinação é o seguinte: A sociedade quer saber para onde vai o dinheiro público, onde ele é aplicado. Nesse momento, em especial, há um interesse da sociedade em acompanhar o destino dos recursos que estão sendo transferidos para as prefeituras no combate à Pandemia. É tarefa do Legislativo acompanhar a aplicação dessas verbas, e informar a população, com total transparência. Nossa posição como presidente é de garantir total transparência no acesso às informações que sejam de interesse público.

    Como se dará a tratativa legal?

    Esta Comissão criada pela Câmara Municipal vai apresentar vários requerimentos aos orgãos competentes, solicitando informações e dados sobre cada etapa do processo de enfrentamento `a Pandemia, seja em relação a Testes, Vacinas, vagas nos hospitais, aplicação dos recursos... e outros assuntos que sejam de interesse da população.

    Já houve alguma iniciativa da Comissão, que o senhor pudesse nos adiantar aqui?

    Sim. o vereador Valdivino apresentou algumas dúvidas por parte da população sobre os critérios utilizados para decidir quem estava sendo vacinado nessa primeira fase, e se não havia desvio na lista obrigatória de vacinação. Eu liguei para a Secretária municipal de saúde, Jacqueline Luíza, solicitando um encontro com os membros da Comissão, para esclarecimentos dessas dúvidas. Ela prontamente atendeu ao nosso pedido. Nos reunimos nesta sexta-feira,12, na secretaria, e cada vereador pode fazer seus questionamentos sobre os critérios adotados.

    O que foi discutido na reunião?

    Uma das dúvidas, por exemplo, apresentada pela comissão, diz respeito aos critérios adotados para decidir quais os grupos devem ser vacinados inicialmente. Jacqueline explicou que está sendo seguido rigorosamente os critérios do Plano nacional de imunização. Primeiro foram vacinados os profissionais da linha de frente, posteriormente, foi a vez dos profissionais e funcionários das farmácias, clínicas de fisioterapia, Pilates, etc. Inclusive os funcionários das funerárias.

    Ainda em relação às vacinas, como acompanhar o andamento da campanha?

    Nós solicitamos à Secretária Jacqueline que seja criado um Vacinômetro, uma espécie de boletim diário informando quantas doses já foram aplicadas e quem já foi vacinado.

    Um boletim como ocorre na divulgação do número de casos confirmados, correto?

    Sim, isso mesmo. quantas doses chegaram essa semana, quantas pessoas já foram vacinadas; e ainda um cronograma com as datas de vacinação para cada faixa etária.

    E uma última pergunta, foi abordado nessa reunião o início da vacinação dos idosos?

    Sim. A secretária nos informou que os idosos serão vacinados em suas próprias casas. Os agentes de saúde estão percorrendo todos os bairros para fazer o cadastramento de toda a população acima dos 60 anos.

     

    Quando tomou posse no dia 1º de janeiro, a nova secretária municipal de saúde, Jaqueline Santos, ainda não dispunha dos sinais de que muito em breve estaria no olho do redemoinho, a chamada segunda onda da Pandemia. (Nem ela, nem a prefeita Denise Oliveira, que a nomeou para o cargo.) Pesava em seu favor, felizmente, o fato de ser funcionária de carreira na saúde municipal. Desse modo, na condição de chefe do setor epidemiológico da secretaria, teve a oportunidade de con-viver de perto com a escalada do Coronavírus no ano de 2020. As lições aprendidas lhe serviram de ferramenta para o enfrentamento, daquilo que podemos chamar o pior momento da crise pandêmica.

    Não é tarefa simples lidar diariamente com os inúmeros desafios que batem à sua porta. Para os leitores que ainda não a conhece, a entrevista que se segue, é uma oportunidade de saber o que pensa, e como está lidando com estes desafios. Jaqueline Santos falou à nossa reportagem, em entrevista gravada no dia 30 de março último. Veja.

     

    Qual é o diagnóstico hoje da pandemia na região do Alto Paranaíba, em relação à situação hospitalar e à disseminação do vírus?

    A situação no Alto Paranaíba ainda é crítica. Temos um número considerável de novos casos todos os dias. Temos observado, no entanto, uma leve tendência de queda nesses números, porém, uma situação de conforto ainda não ocorre. A situação ainda é preocupante, com pequenos sinais de redução.

    E em relação à disseminação do vírus?

    Vamos falar de São Gotardo. Hoje a taxa de transmissão é de 1 para 1. Isso significa que uma pessoa que testou positivo contamina uma outra. É uma taxa linear de transmissão, o que significa uma estabilidade no contágio. Quando essa proporção é maior, temos uma curva ascendente, o que não é o caso do município de São Gotardo. Na nossa microrregião, há cidades com maior número de casos, em curva ascendente, como em Carmo do Paranaíba. Outras, como Matutina e Santa Rosa da Serra a situação está sob controle, com taxa de transmissão inferior que 1 para 1.

    O atendimento hospitalar continua crítico?

    Sim. Hoje a ocupação dos leitos de UTI é de 100%. Isso, porque somos referência para a região. Nossos leitos atendem pacientes de vários municípios da micro e da macro região. (Proporcionalmente, uma média de 70 a 80% dos leitos estão sendo ocupados por pacientes de outros municípios).

    Não havendo vaga aqui, pacientes de São Gotardo que necessitem ser intubados, são transferidos para outras regiões, correto?

    Inicialmente o paciente é atendido na ala clínica, e quando agravado o quadro e for necessário o Tratamento intensivo, nós pleiteamos uma vaga em hospitais de outras regiões. A situação está cada vez mais estreita, e não está fácil encontrar vagas, pois em todo o Estado a situação é crítica.

    E as expectativas para os próximos 15 dias.

    Esperamos que com estas medidas restritivas, haja uma redução significativa, tanto dos casos leves como dos graves. Nossos dados atuais apontam para uma discreta redução, pelo menos por enquanto. A expectativa é que pelos próximos 15 dias essa redução seja mais evidente.

    O distanciamento social ainda é única forma de conter a disseminação do vírus; não há outra. Mesmo com a vacina, por algum tempo teremos que manter o distanciamento e evitar aglomerações.

    Apesar da gravidade da situação no estado e na região, São Gotardo tem apresentado números relativamente baixos (casos e internações). Como avalia?

    Ainda que os números apresentem certa estabilidade, São Gotardo não é um ente isolado. Estamos conectados permanentemente a outras cidades da região, do Estado e do Brasil. Temos um grande fluxo de pessoas que vem pra cá. Neste sentido, a preocupação deve ser constante.

    Principalmente devido à atividade econômica, esse fluxo é inevitável. Como monitorar a entrada de pessoas no município. É uma tarefa muito complexa, não?

    É muito difícil esse controle. As portas estão abertas tanto para aqueles que vêem somente a passeio ou para trabalho. Elas chegam das mais variadas formas, por vias legais e por vias clandestinas. Então, é quase impossível controlar esse fluxo de entrada. Estamos atentos a esse movimento, procurando monitorar aquilo que for possível.

    A segunda onda trouxe com ela uma nova ameaça, que são as variantes do vírus. Como a saúde municipal está lidando com este risco, principalmente considerando esse fluxo de migrantes de outras regiões onde a Variante P1 já tenha se disseminado?

    Quanto maior a circulação de pessoas, maior é o risco de contaminação. Laboratorialmente, ainda não identificamos variantes do vírus aqui em São Gotardo. Mas já observamos que as características do vírus nessa nova onda de contágio são diferentes. Temos uma doença mais agressiva, e eu diria até, que mais fulminante. Já tivemos alguns casos com esse padrão, onde o quadro se agrava muito rapidamente, levando inclusive, a óbito.

    Já foram realizados exames específicos para diagnosticar vírus com a variante P1?

    Ainda não fizemos nenhuma coleta de exame para determinar variante. Não sabemos se está circulando na região, ou não. Estes exames específicos cabem de uma iniciativa das autoridades epidemiológicas do Estado, e não do município.

    Hoje a saúde foca principalmente no atendimento da covid-19. E em relação aos pacientes que necessitam atenção médica, como cirurgias eletivas, tratamentos fora do domicílio?

    Não podemos negar, que devido à grande carga de trabalho envolvida no tratamento da Covid-19, tivemos que diminuir o atendimento de outros casos. Apenas os procedimentos de urgência estão sendo atendidos, tanto em relação às cirurgias eletivas como nos tratamentos fora de domicílio. Temos ofertado o básico, mantendo as consultas de especialidade e casos de menor complexidade, dentro das condições que a Pandemia nos permite.

    Mesmo porque, hoje há uma sobrecarga nos serviços hospitalares em todos os setores, inclusive de insumos e medicamentos; e não podemos comprometer o atendimento mais urgente com a Covid-19.

    A expectativa é de se chegar à faixa etária dos 60 anos ainda em abril. Alcançada esta etapa, a vacinação seguirá em escala descendente? E quanto ao grupo de pessoas que apresentam comorbidade, há previsão?

    Devemos chegar na faixa dos 60 anos em uma ou duas semanas no máximo. O governo deve partir então para os grupos específicos, como portadores de comorbidades , grupos de profissionais diferenciados como os da educação e da segurança. Já estamos fazendo um levantamento do numero de pessoas com comorbidades nas UBSs.

    A ciência já disse que não há eficácia comprovada com o chamado Tratamento precoce. Como a Secretaria municipal de saúde se orienta com relação ao tema?

    Não tem nenhum estudo robusto que comprove que esse tratamento utilizando determinadas drogas seja de fato efetivo, então a secretaria respeita a autonomia do médico. Ele é responsável, através da avaliação clinica individualizada de cada paciente, por determinar o que é melhor pra ele. Existem no nosso município médicos que adotaram assim a postura da utilização de algumas dessas drogas, outros, de jeito nenhum. A nossa secretaria não vai implantar esse protocolo de tratamento precoce, pois ela não acredita na efetividade nesse tipo de tratamento.

    Há o risco de faltar medicamentos e outros insumos, como oxigênio?

    A nossa situação não está confortável. Nós temos profissionais muito compromissados para que isso não falte. São coordenadores, farmacêuticos, médicos, enfermeiros, com atenção voltada 24 horas por dia, atentos para não deixar faltar insumos. Hoje no dia 30, não está faltando nada, nem oxigênio, nem medicamento para intubação. No entanto, dependemos da indústria farmacêutica. Se não tiver para nos vender nós não vamos ter de quem comprar. O que temos feito é restringir o acesso a alguns setores de saúde, como cirurgias eletivas. O foco é o atendimento ao paciente com Covid. Então, hoje, confortável não está, mais está sob controle.

     

     

    A ampliação do Fórum de São Gotardo só teria razão de ser, depois de confirmada a criação em Lei, de uma 2ª Vara. No ano de 2019, foi finalmente autorizada sua instalação, assim, a atual Vara Única passou a ter a denominação e a competência de 1ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais. Os processos e ações cíveis e criminais começaram a ser distribuídos igualmente entre esta unidade jurisdicional e a 2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude, resguardadas as competências de cada uma.

    Orçado em R$8 milhões de reais, o projeto inclui uma ampla reforma do forúm Antônio Melgaço, inaugurado em 1974, e que, por quase 50 anos abrigou os serviços judiciais do município. Além desta reforma, um novo prédio será construído ao lado do atual. serão dois espaços em anexo, portanto, mais que dobrando a estrutura física do Fórum de São Gotardo. Os recursos para as obras, iniciadas nesse início de 2021, já estão garantidos no orçamento do TJMG.

    Esta empreitada, que hoje se desenrola em suas etapas finais, teve início em 2006. Foram necessários 15 anos, portanto, para que se chegasse a cume. Inevitável reconhecer que entre os vários protagonistas desta história se destaca o papel decisivo do desembargador Pedro Bernardes. Como ele bem lembrou na entrevista abaixo, concedida ao Jornal Daqui, foi preciso um persistente esforço até que fosse publicada a resolução de instalação: "até sua conclusão, foi preciso a aprovação pelo plenário do Tribunal de Justiça, da Assembleia Legislativa e da sansão do governador de minas". Foi graças ao empenho pessoal do desembargador que este complexo ritual chegasse a termo. Ele faz questão de ressaltar ainda o determinante empenho do presidente do TJMG à época, Dr. Nelson Missias de Morais, com quem diligenciou pessoalmente na consolidação do projeto.

    A instalação de 2ª Vara é um marco divisor para a Justiça Local. Há décadas, convém lembrar, vinha sendo reclamada esta mudança. A partir dos anos de 1970, houve um crescimento sempre ascendente na demanda por serviços judiciais, o que não foi acompanhando na mesma medida com melhorias na capacidade de atendimento, levando ano a ano à uma saturação do sistema. Convém ainda ressaltar que a Comarça, por mais de 80 anos permaneceu com apenas um juiz. Ela foi constituída no ano de 1936.

    Com o início das obras, entramos em contato com Pedro Bernardes para falar sobre esta etapa decisiva em um processo que começou lá em 2006. Veja a entrevista:

    forum01Área na parte traseira do Fórum, onde será construído um novo prédio.

    Entrevista - Pedro Bernardes - Desembargador de justiça

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    A reforma e ampliação do Fórum de São Gotardo deixa de ser projeto para se tornar realidade. Como o senhor recebeu a notícia do sinal verde para o início das obras?

    Para grande alegria nossa, estamos agora realizando a concretização desse sonho, que é a reforma do atual e a construção de um novo fórum. É para mim uma gratidão pessoal, pois no dia da sua inauguração, em 1974, eu fui uma das crianças, acompanhado de outros alunos da escola onde estudava, que aí foram para prestigiar as autoridades presentes no evento. Eu jamais poderia imaginar naquele momento, criança humilde e pobre que era, que um dia pudesse participar diretamente da construção do novo fórum. É uma felicidade muito grande poder ocupar a posição que hoje ocupo, e poder retribuir à esta cidade que tanto amo.

    Os recursos, da ordem de R$8 milhões de reais, já estão garantidos, correto?

    A criação de uma nova Vara importa em uma despesa muito alta para o Tribunal. Estamos falando de uma despesa mensal, com pagamento de salários para um novo juiz, um novo promotor, oficiais de justiça, além de outros custos de manutenção. Além desta folha de despesas, o Tribunal está despendendo um volume considerável de recursos para as obras que agora se iniciam. A construção do Fórum está orçada em R$8 milhões de reais. Respondendo a sua pergunta, sim estes recursos já estão garantidos pelo Tribunal.

    São inúmeros os fatores que justificam e reforçam a premência deste projeto, não é isso doutor?

    O crescimento de São Gotardo nas últimas décadas é extraordinário. Basta citar, por exemplo, o distrito de Guarda dos Ferreiros, que já é do porte de uma cidade. Com isso, o aumento do serviço judiciário foi enorme. Hoje temos mais de 10 mil processos aguardando decisão. Temos hoje em São Gotardo uma faculdade de direito, ampliando o número de advogados, e esses profissionais precisam de uma resposta rápida. Essas novas empresas, novas atividades, instaladas com o crescimento econômico do município... Com o aumento da população, houve também um aumento da criminalidade. Acredito que com uma maior agilidade da Justiça, também a estrutura da área de segurança, das polícias civil e militar, deverá receber melhorias para acompanhar essa maior agilidade no andamento dos processos e consequente solução das demandas judiciais.

    Ao longo dos últimos 50 anos houve também um aprimoramento e ampliação do Código de leis. Fazer frente à esta conquista de mais direitos por parte da sociedade, reclama uma justiça mais eficiente,não?

    O povo hoje clama por uma justiça rápida, célere e eficiente. São buscas da cidadania.

    A Justiça tem duas frentes: a frente criminal que procura reprimir a criminalidade, punir os faltosos com a lei, e a área cível, onde as pessoas buscam zelar pelo seu patrimônio, pelo seu sustento. Então, essas duas áreas são importantíssimas. Quando uma pessoa aguarda uma decisão judicial para ter acesso a um recurso financeiro que é seu por direito, é importante que ele venha o mais rápido possível, porque a gente sabe da carência do povo.

    Quando foi criado o fórum de São Gotardo não havia Código do consumidor, nem se pensava nisso. Nem se pensava em direito do consumidor. Quantas nova demandas, quanto trabalho se dá aos juízes aí de São Gotardo em virtude do Código de defesa do consumidor. Então, as leis são criadas, os direitos são criados, e é preciso aparato social pra fazer cumprir essas leis .

    Nesse sentido, a gente pode dizer que o novo fórum é uma conquista da Comarca e de São Gotardo

    Não tenha dúvida nenhuma , é uma conquista histórica. É algo extraordinário para nosso povo de São Gotardo a aquisição de mais uma Vara e a reestruturação e ampliação do ambiente físico do novo fórum. Os juízes , os advogados , os promotores, todos os operadores do direito terão espaço excelente para o trabalho, e terão excelentes condições de desenvolver suas atividades.

    Mesmo reconhecendo o esforço de tantos outros, foi imprescindível que um jurista daqui de São Gotardo alcançasse postos de decisão para sensibilizar o TJMG sobre a necessidade e urgência, tanto da instalação de uma 2ª Vara como da reestruturação do espaço físico do Fórum?

    Trabalhar pela cidade da gente , trabalhar pelo estado, pelo nosso país é sempre motivo de orgulho. É o que a gente leva dessa vida.

    Me senti muito honrado em trabalhar pela minha cidade, em trabalhar pelo meu povo, em poder contribuir para que possa ter aí em São Gotardo um novo Fórum, com dois juízes , dois promotores , além de duplicar o número de funcionários. Nenhuma homenagem que recebo tem mais valor do que a honra por ter contribuído nesse processo para que São Gotardo adquirisse a segunda vara, e alçar da primeira para segunda entrância. É um enorme salto. Trago comigo uma enorme satisfação, enorme alegria de ser o primeiro desembargador da história de São Gotardo.

    Este sentimento de gratidão é recíproco por parte do povo de São Gotardo, Dr. Pedro.

    Quero aproveitar, José Eugênio, este espaço para mais uma vez agradecer ao então presidente Nelson Missias, que possibilitou a realização desta conquista. Agradeço muito também ao atual presidente do TJMG, Gilson Lemes, que está implementando e dando continuidade as obras. Ele está empenhadíssimo em sua conclusão já para o próximo ano. E eu sou muito grato a eles e creio, que o povo de São Gotardo é grato tanto ao desembargador Nelson, quanto ao desembargador Gilson.

     

    Quem transita pela rodovia que passa ao lado da Usina do Abaeté, deve redobrar os cuidados. A ponte localizada logo abaixo da barragem apresenta alto risco de acidente. Além de ser estreita, em suas laterais não há qualquer tipo de proteção, como 'Guard rail' . Pra se ter ideia do perigo, em três ocasiões, em pouco mais de um ano, veículos despencaram no desfiladeiro que margeia a referida ponte. Em um desses acidentes um dos motoristas perdeu a vida.

    Mais recentemente, neste mês de março, a PM foi acionada a comparecer na Ponte da Usina do Abaeté, onde uma caminhonete GM/S10 branca, após seu condutor perder o controle da direção, caiu da ponte e chocou-se contras as pedras no curso d'água.
    O condutor relatou que deslocava, juntamente com a esposa e o sogro, pela estrada vicinal que liga a Rodovia BR 354 ao distrito de Abaeté dos Venâncios, quando passou por um quebra-molas próximo à ponte da usina, perdeu o controle da direção e sua caminhonete deslocou para a esquerda da ponte. Por não haver barreira física na ponte (guard rail), o veículo tombou para a esquerda e caiu, chocando-se contra as pedras no curso d'água.

    Os três foram encaminhados ao Pronto Socorro Municipal de São Gotardo, onde foram atendidos, medicados e liberados. Eles tiveram apenas ferimentos leves.

     

    Ponte em péssimo estado representa alto risco de acidente

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    Em fevereiro do ano passado, um veículo com 04 ocupantes veio a cair neste mesmo local.

    O condutor do veículo, um homem de 32 anos, residente em São Gotardo, não conseguiu sair de dentro do veículo, vindo a óbito no local. Ainda em janeiro de 2020, um motorista de uma camionete perdeu o controle da direção, vindo a cair na ribanceira que margeia a mesma ponte sobre o rio Abaeté, ao lado da barragem da usina.

    A ponte, que interliga os municípios de São Gotardo e Rio Paranaíba, além de não dispor de mureta de proteção tem parte da pista já esbarrancada, representando alto risco de acidente. Quem passa pelo local deve redobrar os cuidados. Se medidas não forem tomadas ela deverá ser interditada.

    Como a Ponte é fronteiriça, e interliga São Gotardo e Rio Paranaíba, as autoridades públicas dos dois municípios são co-responsáveis pela sua recuperação e reforma. Trata-se de medida necessária e urgente. Espera-se que não ocorram novas mortes para sensibilizar nossas autoridades.

     

     

    AJUDE A PROTEGER NOSSAS CRIANÇAS
    O FIA – Fundo da Infância e Adolescência é onde são depositadas as contribuições das pessoas físicas e jurídicas, declarantes do imposto de renda, que desejam investir nas ações em benefício das crianças e adolescentes do município de São Gotardo. O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente repassa esses recursos arrecadados às entidades cadastradas no Conselho. É um meio prático, seguro e sério de ajudar centenas de crianças e adolescentes e uma oportunidade de participação. O FIA recebe contribuições de pessoas físicas ou jurídicas e as repassa para entidades cadastradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Autorizado pela Lei Federal 8069/90 e instituído no município Lei 1277 de abril de 1997 e Decreto n. 11 de 18 de abril de 1997.

    COMO VOCÊ PODE PARTICIPAR?
    PESSOAS JURÍDICAS – tributadas pelo lucro real, podem destinar até 1% do Imposto de Renda devido. Essa destinação não interfere em outras deduções que sua empresa pode fazer. A empresa pode ainda disseminar essa ação de cidadania internamente junto aos funcionários.
    PESSOAS FÍSICAS – que apresentam declaração no modelo completo podem destinar até 6% do Imposto de Renda devido. Essa destinação não interfere em outras deduções como aquelas referentes a dependentes, pensão, saúde, educação, etc.

    COMO DESTINAR?
    As destinações deverão serem feitas por meio de depósitos identificados com nome, CPF ou CNPJ do doador ou Transferência na conta do FMDCA. Envie uma cópia do comprovante de depósito ao CMDCA, com seus dados (nome, CPF ou CNPJ, endereço e telefone) para que o recibo de destinação seja emitido. Com este recibo você abate integralmente o valor doado na sua próxima declaração de renda.

    Apoie essa causa!

    Banco do Brasil
    Agência: 0483-9
    Conta Corrente: 30.742-4
    Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Gotardo/MG
    CNPJ: 18.512.957/0001-82

    Quando tomou posse no dia 1º de janeiro, a nova secretária municipal de saúde, Jaqueline Santos, ainda não dispunha dos sinais de que muito em breve estaria no olho do redemoinho, a chamada segunda onda da Pandemia. (Nem ela, nem a prefeita Denise Oliveira, que a nomeou para o cargo.) Pesava em seu favor, felizmente, o fato de ser funcionária de carreira na saúde municipal. Desse modo, na condição de chefe do setor epidemiológico da secretaria, teve a oportunidade de con-viver de perto com a escalada do Coronavírus no ano de 2020. As lições aprendidas lhe serviram de ferramenta para o enfrentamento, daquilo que podemos chamar o pior momento da crise pandêmica.

    Não é tarefa simples lidar diariamente com os inúmeros desafios que batem à sua porta. Para os leitores que ainda não a conhece, a entrevista que se segue, é uma oportunidade de saber o que pensa, e como está lidando com estes desafios. Jaqueline Santos falou à nossa reportagem, em entrevista gravada no dia 30 de março último. Veja.

     

    Qual é o diagnóstico hoje da pandemia na região do Alto Paranaíba, em relação à situação hospitalar e à disseminação do vírus?

    A situação no Alto Paranaíba ainda é crítica. Temos um número considerável de novos casos todos os dias. Temos observado, no entanto, uma leve tendência de queda nesses números, porém, uma situação de conforto ainda não ocorre. A situação ainda é preocupante, com pequenos sinais de redução.

    E em relação à disseminação do vírus?

    Vamos falar de São Gotardo. Hoje a taxa de transmissão é de 1 para 1. Isso significa que uma pessoa que testou positivo contamina uma outra. É uma taxa linear de transmissão, o que significa uma estabilidade no contágio. Quando essa proporção é maior, temos uma curva ascendente, o que não é o caso do município de São Gotardo. Na nossa microrregião, há cidades com maior número de casos, em curva ascendente, como em Carmo do Paranaíba. Outras, como Matutina e Santa Rosa da Serra a situação está sob controle, com taxa de transmissão inferior que 1 para 1.

    O atendimento hospitalar continua crítico?

    Sim. Hoje a ocupação dos leitos de UTI é de 100%. Isso, porque somos referência para a região. Nossos leitos atendem pacientes de vários municípios da micro e da macro região. (Proporcionalmente, uma média de 70 a 80% dos leitos estão sendo ocupados por pacientes de outros municípios).

    Não havendo vaga aqui, pacientes de São Gotardo que necessitem ser intubados, são transferidos para outras regiões, correto?

    Inicialmente o paciente é atendido na ala clínica, e quando agravado o quadro e for necessário o Tratamento intensivo, nós pleiteamos uma vaga em hospitais de outras regiões. A situação está cada vez mais estreita, e não está fácil encontrar vagas, pois em todo o Estado a situação é crítica.

    E as expectativas para os próximos 15 dias.

    Esperamos que com estas medidas restritivas, haja uma redução significativa, tanto dos casos leves como dos graves. Nossos dados atuais apontam para uma discreta redução, pelo menos por enquanto. A expectativa é que pelos próximos 15 dias essa redução seja mais evidente.

    O distanciamento social ainda é única forma de conter a disseminação do vírus; não há outra. Mesmo com a vacina, por algum tempo teremos que manter o distanciamento e evitar aglomerações.

    Apesar da gravidade da situação no estado e na região, São Gotardo tem apresentado números relativamente baixos (casos e internações). Como avalia?

    Ainda que os números apresentem certa estabilidade, São Gotardo não é um ente isolado. Estamos conectados permanentemente a outras cidades da região, do Estado e do Brasil. Temos um grande fluxo de pessoas que vem pra cá. Neste sentido, a preocupação deve ser constante.

    Principalmente devido à atividade econômica, esse fluxo é inevitável. Como monitorar a entrada de pessoas no município. É uma tarefa muito complexa, não?

    É muito difícil esse controle. As portas estão abertas tanto para aqueles que vêem somente a passeio ou para trabalho. Elas chegam das mais variadas formas, por vias legais e por vias clandestinas. Então, é quase impossível controlar esse fluxo de entrada. Estamos atentos a esse movimento, procurando monitorar aquilo que for possível.

    A segunda onda trouxe com ela uma nova ameaça, que são as variantes do vírus. Como a saúde municipal está lidando com este risco, principalmente considerando esse fluxo de migrantes de outras regiões onde a Variante P1 já tenha se disseminado?

    Quanto maior a circulação de pessoas, maior é o risco de contaminação. Laboratorialmente, ainda não identificamos variantes do vírus aqui em São Gotardo. Mas já observamos que as características do vírus nessa nova onda de contágio são diferentes. Temos uma doença mais agressiva, e eu diria até, que mais fulminante. Já tivemos alguns casos com esse padrão, onde o quadro se agrava muito rapidamente, levando inclusive, a óbito.

    Já foram realizados exames específicos para diagnosticar vírus com a variante P1?

    Ainda não fizemos nenhuma coleta de exame para determinar variante. Não sabemos se está circulando na região, ou não. Estes exames específicos cabem de uma iniciativa das autoridades epidemiológicas do Estado, e não do município.

    Hoje a saúde foca principalmente no atendimento da covid-19. E em relação aos pacientes que necessitam atenção médica, como cirurgias eletivas, tratamentos fora do domicílio?

    Não podemos negar, que devido à grande carga de trabalho envolvida no tratamento da Covid-19, tivemos que diminuir o atendimento de outros casos. Apenas os procedimentos de urgência estão sendo atendidos, tanto em relação às cirurgias eletivas como nos tratamentos fora de domicílio. Temos ofertado o básico, mantendo as consultas de especialidade e casos de menor complexidade, dentro das condições que a Pandemia nos permite.

    Mesmo porque, hoje há uma sobrecarga nos serviços hospitalares em todos os setores, inclusive de insumos e medicamentos; e não podemos comprometer o atendimento mais urgente com a Covid-19.

    A expectativa é de se chegar à faixa etária dos 60 anos ainda em abril. Alcançada esta etapa, a vacinação seguirá em escala descendente? E quanto ao grupo de pessoas que apresentam comorbidade, há previsão?

    Devemos chegar na faixa dos 60 anos em uma ou duas semanas no máximo. O governo deve partir então para os grupos específicos, como portadores de comorbidades , grupos de profissionais diferenciados como os da educação e da segurança. Já estamos fazendo um levantamento do numero de pessoas com comorbidades nas UBSs.

    A ciência já disse que não há eficácia comprovada com o chamado Tratamento precoce. Como a Secretaria municipal de saúde se orienta com relação ao tema?

    Não tem nenhum estudo robusto que comprove que esse tratamento utilizando determinadas drogas seja de fato efetivo, então a secretaria respeita a autonomia do médico. Ele é responsável, através da avaliação clinica individualizada de cada paciente, por determinar o que é melhor pra ele. Existem no nosso município médicos que adotaram assim a postura da utilização de algumas dessas drogas, outros, de jeito nenhum. A nossa secretaria não vai implantar esse protocolo de tratamento precoce, pois ela não acredita na efetividade nesse tipo de tratamento.

    Há o risco de faltar medicamentos e outros insumos, como oxigênio?

    A nossa situação não está confortável. Nós temos profissionais muito compromissados para que isso não falte. São coordenadores, farmacêuticos, médicos, enfermeiros, com atenção voltada 24 horas por dia, atentos para não deixar faltar insumos. Hoje no dia 30, não está faltando nada, nem oxigênio, nem medicamento para intubação. No entanto, dependemos da indústria farmacêutica. Se não tiver para nos vender nós não vamos ter de quem comprar. O que temos feito é restringir o acesso a alguns setores de saúde, como cirurgias eletivas. O foco é o atendimento ao paciente com Covid. Então, hoje, confortável não está, mais está sob controle.

     

     

    ENTREVISTA

    Dr. Joaquim da Silva Pereira

    50 anos de medicina.

    A história do menino pobre da roça que um dia sonhou em ser doutor

    Dr. Joaquim da Silva Pereira nasceu em um distrito da zona rural do município de Prata, no pontal do Triângulo mineiro, no ano de 1939. Ainda criança o filho de família humilde  viu despertar o gosto pela leitura e  conhecimento. As limitações impostas pela precariedade financeira e o isolamento não o impediram de traçar, pelas próprias mãos, a realização de um sonho, de um dia ser doutor. Hoje, no alto de seus 79 anos de idade,  mantém a mesma lucidez de um jovem de 20 anos. De seu baú da memória relembrou, como se hoje fosse,  cenas e capítulos que marcaram de maneira definitiva a sua história de vida, e principalmente dos 50 anos de carreira com médico, completados no final do ano passado.  Profissionalmente atuou e ainda atua como anestesista, clínica geral, obstetra. É casado com Elaine. O casal tem três filhas: Rita de Cássia, Alessandra e Daniella. Dr. Joaquim da Silva Pereira nasceu em um distrito da zona rural do município de Prata, no pontal do Triângulo mineiro, no ano de 1939. Ainda criança o filho de família humilde  viu despertar o gosto pela leitura e  conhecimento. As limitações impostas pela precariedade financeira e o isolamento não o impediram de traçar, pelas próprias mãos, a realização de um sonho, de um dia ser doutor. Hoje, no alto de seus 79 anos de idade,  mantém a mesma lucidez de um jovem de 20 anos. De seu baú da memória relembrou, como se hoje fosse,  cenas e capítulos que marcaram de maneira definitiva a sua história de vida, e principalmente dos 50 anos de carreira com médico, completados no final do ano passado.  Profissionalmente atuou e ainda atua como anestesista, clínica geral, obstetra. É casado com Elaine. O casal tem três filhas: Rita de Cássia, Alessandra e Daniella. Dr. Joaquim é hoje o profissional mais longevo em atividade aqui na cidade de São Gotardo. Mais que testemunha ocular inscreveu seu nome como personagem decisivo no processo de evolução o sistema de atendimento da saúde do município. Por tudo isso, vale o registro gravado nesta entrevista concedida ao Jornal Daqui.

    As condições do meio onde nasceu não eram muito favoráveis. Como foram aqueles primeiros anos lá no sertão do Triângulo Mineiro?

    O primeiro contato com a escola só se deu quando já tinha 10 anos. Até então, meu único contato com o estudo se dava em casa. Minha mãe tinha muita paciência quando insistia pra eu de-cifrar as palavras escritas no único livro de manuscrito que tinha em casa. Toda a minha família era de analfabetos. Em raras exceções um ou outro chegava ao 3º ano primário. Aos 10 anos tive o primeiro contato com a escola. Como já sabia ler, ingressei no 2º ano de grupo. Pra cobrir minhas despesas trabalhava em serviços gerais, uma espécie de office-boy rural. Entrei no ginásio graças a uma bolsa de estudos e o apoio de um vereador amigo da família lá da cidade do Prata. Con-cluídos os quatro anos no ginásio retornei pra casa de meus pais, e sem perspectivas comecei a trabalhador com a lida na roça. E um belo dia recebi uma proposta do prefeito de uma cidade vizinha pra lecionar em um vilarejo da redondeza, que nem escola tinha. Trataram de construir um rancho, coberto com folha de Bacuri, pra servir de escola. Lá dei aula por 4 meses, tempo suficiente para me destacar com os resultados obtido. Esta breve experiência me abriu novas portas como professor, chegando a le-cionar por mais algum tempo em escolas e fazendas da região. Acabei arrumando uma namorada por lá e por muito pouco não me casei.

    Foi aí que surgiu o desejo de mudar pra cidade grande? Como se deu?

    Minha avó, preocupada com meu futuro tratou de interceder: pediu a um tio da família pra me convencer a continuar os estudos, e foi o que eu fiz. Juntei as poucos economias que tinha e tracei um plano de me mudar, com a cara e coragem, pra Belo Horizonte. Peguei o ônibus em Uberaba, cidade grande que conheci pela primeira vez. Naquele tempo era tudo estrada de terra. No trajeto, seguindo rumo à estrada da Serra da Saudade que levava à capital mineira, o ônibus fazia uma breve parada em São Gotardo, onde pisei pela primeira vez - sem nunca imaginar que muitos anos depois seria a cidade que escolheria pra viver. Naquele tempo(1958) era uma cidadezinha sem qualquer atrativo. Me lembro que quando cheguei na rodoviária - era ali na praça São Sebastião - só via cambista e mendigo. Era uma tristeza só.

    Como foram os primeiros meses na capital?

    Chegando a Belo Horizonte, só com uma malinha e muita coragem, me hospedei em uma pensão indicada por um amigo lá da minha cidade. Me matriculei no Colégio Anchieta para concluir o ensino médio. Consegui arrumar um emprego em uma grande empresa de Belo Horizonte, a Souza Cruz, e com isso pude manter as despesas. Graças a minha boa caligrafia logo subi de posto, passando de office-boy a escriturário da empresa onde trabalhava.

    Neste início já tinha claro a profissão que queria seguir?

    Primeiro eu achava que queria ser engenheiro. Na verdade não sabia bem o que eu queria. O gosto pela medicina surgiu com a leitura de um livro escrito por um médico alemão. Prestei vestibular na UFMG no ano de 1963. Em 1966 consegui uma vaga pra trabalhar como residente em um hospital. Em 1967 conclui a faculdade e em abril do ano seguinte me casei com minha esposa Elaine. Foi uma fase muito especial na minha vida.

    O início da Carreira

    Antes de aportar em São Gotardo, Dr. Joaquim trabalhou por um período na região de sua terra natal, na cidade de São Simão. Levei o companheiro de profissão Dr. João Alves, que o acompanhou até o Estado de Goiás, onde chegou a trabalhar por um breve período. Contra-tempos encurtaram a nova aventura. Como Dr. João tinha parentes aqui em São Gotardo, vieram os dois pra cá.

    A escolha de São Gotardo como destino profissional foi por acaso, correto?

    Trouxeram minha mudança num caminhão. Vim por acaso. Dr. João que tinha vindo primeiro me disse que havia morrido um médico aqui, deixando uma clínica toda montada, e que já tinha alugado o espaço da viúva do médico( o médico em questão era Dr. Siqueira, que antes de falecer mantinha uma clínica ali no início da av. Rio Branco). Assim que ele me disse o nome da cidade, protestei, pois tinha guardado uma péssima impressão, da minha passagem por aqui alguns anos antes. São Gotardo não tinha mais que 10 automóveis na época. Em 1971, devido a desentendimentos entre meu colega Dr. João e farmacêuticos da cidade, passei a atender na cidade de Pimenta, onde fiquei por 14 meses. Em 1973 retornei a São Gotardo e assumi o comando da clínica novamente. Pouco tempo depois surge uma nova oportunidade.

    Dr. Joaquim assume o desafio de colocar em funcionamento o novo hospital da cidade, a Santa Casa de Misericórdia. O prédio, recém construído, estava prestes a ser inaugurado. Era o ano de 1974.

    Fui convidado para assumir o novo centro hospitalar. O chefe de obras era seu pai, o Vicente Moreira. Tivemos que fazer algumas mudanças na estrutura física para se adequar às necessidades de um Hospital. Eu fui o primeiro médico a atender lá. Em dezembro de 74, o presidente da Santa Casa era o Mério Rodrigues Alves. Ele teve papel fundamental na instalação dos primeiros equipamentos e na montagem da estrutura de funcionamento.

    Neste mesmo ano o senhor já começou a trabalhar lá?

    Nesse início de atividades, a Elce de Melo Borges, já em gestação adiantada, manifestou seu desejo de ser a primeira mulher a fazer o parto na Santa Casa. Seu desejo foi atendido e no dia 8 de dezembro de 1974, nasceu sua filha caçula, Luciana. Elaine, minha esposa, cuidou, no início, de suprir os primeiros utensílios, como panelas, cobertores, etc. .

    Nesta fase inicial, de onde vieram os recursos para manutenção e aquisição dos equipamentos?

    Eu fiquei sabendo que o Hospital Pio XII recebia dinheiro através de convênio com o Funrural, de Cr$ 2 mil cruzeiros. Fui então por conta própria a Belo Hori-zonte na tentativa de firmar um convênio nas mesmas condições. Expliquei nossa situação e fomos prontamente atendidos, e mais, o diretor do orgão nos presenteou com um Raio X, uma mesa cirúrgica, um Autoclave e uma mesa de parto. Foram os primeiros equipamentos da Santa Casa, tudo doado. O presidente Mério, muito dinâmico e simpático, não tinha vergonha de pedir. Ele cuidou de conseguir, através de doação, camas, mesas, lençóis e várias outras coisas para equipar os quartos, escritórios e cozinha. Um belo dia, o Mério recebe do Biomédico Luiz Roberto Soares uma proposta de instalação de um laboratório de análises clínicas. Evidente que ele aceitou na hora.

    Paulo Uejo chega a São Gotardo para atender na Santa Casa

    No final de 75, início de 1976, O sr Edson Souza me disse que tinha um genro que estava concluindo residência em cirurgia e ele se interessava em vir pra São Gotardo. Aprovei na hora. Era Paulo Uejo. Ele chegou em setembro de 76. Começamos a trabalhar juntos, a partir de então.

    Pouco tempo depois uma sequência de fatos termina por provocar a injusta saída de Dr. Joaquim da Santa Casa.

    O dramático episódio foi mais um daqueles momentos em que a ingerência de interesses pessoais ignora os reais interesses de uma instituição assistencial, no caso em questão, a Santa Casa. Dr. Joaquim afirma ter sido vítima de uma armação arquitetada por um grupo que dirigia a Sociedade São Vicente Paula, teve como pivô o médico César mesquita, que havia se desentendido com os médicos do Pio XII, onde até então trabalhava. A trama é relembrada pelo nosso entrevistado:

    No dia 27 de setembro de 1980 os cinco membros do conselho diretor da SSVP( entidade responsável pela administração da Santa Casa) me fecharam em uma sala e anunciaram que eu estava "expulso" da Santa Casa. Um deles me disse: "Dr., o senhor não está entendendo, nós queremos que o senhor deixe São Gotardo, o povo aqui não te quer mais". Eu realmente não entendi, eu acabava de sair da sala de cirurgia onde realizei uma Cesariana em uma cliente do Carmo do Paranaíba. Em momento algum recebi qualquer tipo de reclamação vinda do povo e principalmente de meus pacientes. Na verdade, a direção da SSVP estava sendo usada como marionete pelo Dr. César mesquita, que havia saído do hospital Pio XII devido a desentendimentos com o Dr. José Pessoa. Nesta reunião disseram também que eu não havia sido apedrejado na rua porque 'conseguimos' conter a multidão. Eu pensei, apedrejado? Eu ando pelas ruas da cidade e o que recebo são cumprimentos calorosos. Do povo de São Gotardo só recebi reconhecimento e o prazer de uma amizade sincera.

    Desconsideraram o fato de o senhor ter tido papel relevante na inauguração da Santa Casa, então.

    Eles me deram um ultimato para que deixasse São Gotardo até o dia 30 de setembro, ameaçando mandar me prender se eu oferecesse resistência. Durante esses três dias a população espontaneamente se mobilizou reunindo mais de oito mil assinaturas em um abaixo-assinado para que eu não saísse da Santa Casa, e muito menos, deixasse São Gotardo.

    O caso ganhou contornos dramáticos. Virou caso de polícia?

    No dia 30 o movimento pela minha permanência reuniu inúmeras pessoas na porta da Santa Casa, alguns, carregando faixas e cartazes. Naquele tempo a polícia proibia aglomerações de pessoas, pois ainda estávamos no período da ditadura militar. Na parte da tarde, com aquela movimentação toda, eu recebi a visita do Delegado da cidade. Ele colocou a mão no meu ombro e me disse: "Doutor, o senhor tem até as 8h para sair daqui da Santa Casa. Caso contrário terei que prendê-lo e entregar ao Dops(departamento de repressão dos militares) . Perguntei a ele qual acusação tinha contra mim. "Doutor, eu não tenho nenhuma acusação contra o senhor, eu apenas recebo ordens", ele respondeu. E nesse tempo a manifestação foi crescendo e tomou conta de toda a rua em frente a Santa Casa. Com isso, já no final do dia, chegou um grande contingente da Polícia Militar, na tentativa de dispersar a multidão. Eu contei vinte policiais armados em vota do quarteirão. Duas viaturas permaneceram nas imediações por dois dias.

    A saída da Santa Casa

    Como eu fui ameaçado de ser preso, não me restou outra alternativa senão sair. Neste intervalo de tempo o Dr. José Pessoa me chamou pra uma conversa e me convidou para trabalhar no Hospital Pio XII. Fiquei muito feliz com convite e aceitei imediatamente. Em dezembro de 1980 montei meu consultório e estou aqui até hoje.

    A nova casa

    Aqui no Pio XII me senti em casa, fui muito bem recebido pela equipe médica que já atuava aqui, o Dr. Gilson, Dr. Jair, Dr. Romes e o próprio Dr. José Pessoa que presidia o hospital. Com o passar do tempo, em sinal de reconhecimento fui convidado a fazer parte da diretoria.

    Não apenas pelo fato de ter sido acolhido em um momento difícil pelo qual eu estava passando, quando fui afastado da Santa Casa, mas por todos esses anos de amizade e respeito, eu tenho uma eterna gratidão por esta grande família que é o Hospital Pio XII. O ambiente de trabalho aqui é muito saudável.

     

    Com o objetivo de acompanhar e auxiliar as ações dos órgãos de saúde de nosso município no combate ao Coronavírus, o Legislativo Municipal através de seu presidente, o vereador Carlos Alves de Camargos, conforme portaria 21/2021, criou a Comissão Especial de Acompanhamento e Prevenção a COVID-19, composta pelos vereadores: Ana Flávia Rodrigues (Presidente); Valdivino Honorato de Oliveira (Relator); Lander Inácio Rodrigues Melo e Célio Martins dos Reis (Membros).

     

    Entrevista - Carlos Camargos - presidente da Câmara Municipal de São Gotardo

     entrevista01

    Um dos objetivos é manter a população informada sobre as medidas em curso, não é isso?

    Na formação da Comissão, optamos por nomear dois dos vereadores de primeiro mandato e outros dois do grupo de reeleitos. Uma proposta da vereadora Ana Flávia, a criação desse grupo de trabalho parte de uma necessidade, tanto de manter a população informada, como a de encaminhar às autoridades competentes, dúvidas e questionamentos sobre as medidas tomadas. Para isso os parlamentares estão atentos às manifestações e opiniões publicadas via rede sociais. Entre essas dúvidas eu poderia citar, por exemplo, aquela sobre a aplicação de testes; como os interessados devem proceder. Um outro questionamento, além do andamento da campanha de vacinação é o seguinte: A sociedade quer saber para onde vai o dinheiro público, onde ele é aplicado. Nesse momento, em especial, há um interesse da sociedade em acompanhar o destino dos recursos que estão sendo transferidos para as prefeituras no combate à Pandemia. É tarefa do Legislativo acompanhar a aplicação dessas verbas, e informar a população, com total transparência. Nossa posição como presidente é de garantir total transparência no acesso às informações que sejam de interesse público.

    Como se dará a tratativa legal?

    Esta Comissão criada pela Câmara Municipal vai apresentar vários requerimentos aos orgãos competentes, solicitando informações e dados sobre cada etapa do processo de enfrentamento `a Pandemia, seja em relação a Testes, Vacinas, vagas nos hospitais, aplicação dos recursos... e outros assuntos que sejam de interesse da população.

    Já houve alguma iniciativa da Comissão, que o senhor pudesse nos adiantar aqui?

    Sim. o vereador Valdivino apresentou algumas dúvidas por parte da população sobre os critérios utilizados para decidir quem estava sendo vacinado nessa primeira fase, e se não havia desvio na lista obrigatória de vacinação. Eu liguei para a Secretária municipal de saúde, Jacqueline Luíza, solicitando um encontro com os membros da Comissão, para esclarecimentos dessas dúvidas. Ela prontamente atendeu ao nosso pedido. Nos reunimos nesta sexta-feira,12, na secretaria, e cada vereador pode fazer seus questionamentos sobre os critérios adotados.

    O que foi discutido na reunião?

    Uma das dúvidas, por exemplo, apresentada pela comissão, diz respeito aos critérios adotados para decidir quais os grupos devem ser vacinados inicialmente. Jacqueline explicou que está sendo seguido rigorosamente os critérios do Plano nacional de imunização. Primeiro foram vacinados os profissionais da linha de frente, posteriormente, foi a vez dos profissionais e funcionários das farmácias, clínicas de fisioterapia, Pilates, etc. Inclusive os funcionários das funerárias.

    Ainda em relação às vacinas, como acompanhar o andamento da campanha?

    Nós solicitamos à Secretária Jacqueline que seja criado um Vacinômetro, uma espécie de boletim diário informando quantas doses já foram aplicadas e quem já foi vacinado.

    Um boletim como ocorre na divulgação do número de casos confirmados, correto?

    Sim, isso mesmo. quantas doses chegaram essa semana, quantas pessoas já foram vacinadas; e ainda um cronograma com as datas de vacinação para cada faixa etária.

    E uma última pergunta, foi abordado nessa reunião o início da vacinação dos idosos?

    Sim. A secretária nos informou que os idosos serão vacinados em suas próprias casas. Os agentes de saúde estão percorrendo todos os bairros para fazer o cadastramento de toda a população acima dos 60 anos.

     

    Ana Vitória Miura tem 16 anos, é digital influencer, estudante do 3º ano do ensino médio, filha de Daniela Almeida Silva e Fulvio Tsuyoshi Miura.

    Ana Vitória Miura é Miss Minas Gerais Teen e estará no Miss Brasil Teen entre os dias 20 e 24 de Fevereiro em Curitiba – PR, onde levará a beleza, cultura e tradição de nossa cidade e estado e tentará trazer a tão sonhada coroa de Miss Brasil Teen.

    “Participar de um concurso de tamanha grandeza me deixa muito feliz. É uma oportunidade indescritível esses dias que estaremos juntas as 31 candidatas em Curitiba, estaremos aprendendo muito, trocando experiências, aprendendo um pouco da cultura de cada lugar ali representado, e será um aprendizado para vida toda.” Ressalta Ana Vitória "Conto com as boas vibrações e apoio de cada um de vocês, pois estarei me esforçando para representar nosso estado, Minas Gerais, da melhor maneira possível." Finaliza.

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