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    Terça, 19 Novembro 2024 00:00

    Entrevista Denise Oliveira – Prefeita municipal

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    Entrevista   Denise Oliveira – Prefeita municipal Foto: Reprodução.

    Perto de deixar o cargo, Denise Oliveira faz um balanço de seu mandato à frente da Prefeitura de São Gotardo nesta entrevista ao Jornal Daqui. Antes de mais nada, fala sobre as razões que a levou a não disputar a reeleição: “Não há um motivo específico, foi um processo que se desenhou ao longo dos quatro anos...Foi uma grande oportunidade que tive, mas não é uma carreira para mim.” Afirma ela, sem deixar dúvidas, contudo, de que não iria perder a chance de im-primir e deixar sua marca como gestora pública.

    Denise Oliveira deta-lha cada passo, cada decisão tomada, os desa-fios... e, ao final, conclui: “Eu sinto uma avaliação positiva da população. Eu deixo o cargo com um olhar ainda mais respeitoso e de admiração pelo meu povo.”

    A primeira pergunta é óbvia e pertinente: quais as razões que levaram a senhora a não se recandidatar? Eu me defino como um ser político, como todos nós, e não uma 'politica'. Eu fui uma gestora. A minha experiência foi muito mais na área da gestão. Sendo assim, eu sinto que cumpri minha tarefa quando recebi cada voto na eleição, e um ciclo se fecha. Foi uma grande oportunidade que tive, mas não é uma carreira para mim. Foi uma satisfação imensa ocupar este cargo; vivi grandes momentos. Tudo valeu a pena, e cumpri minha missão.

    Houve alguma razão específica na decisão de não se recandidatar? Eu acredito que tudo tem o seu tempo. Não há um motivo específico, foi um processo que se desenhou ao longo dos quatro anos.

    A conjuntura política que se consolidou ao longo da campanha às eleições deste ano não influenciou na sua decisão, então? Não pesou, porque eu já trouxe essa decisão de mais tempo. As pessoas que conviviam comigo já sabiam que eu não iria me recandidatar. Ao longo do mandato fui trabalhando de uma forma de que estava ciente que era o momento para dar o meu melhor a cada dia, pois este tempo se encerraria ao final de meu mandato.

    Uma candidatura à reeleição traz consigo a oportunidade de se avaliar um governo por parte da população; se merece um segundo mandato, ou não. Como a senhora lida com esta lacuna? Eu fui avaliada durante os quatro anos, mais, inclusive, que qualquer outro prefeito ou prefeita. Isso trouxe benefícios, pois sabemos que ser avaliada em qualquer posição que ocupemos, nos ajuda a crescer

    A senhora sentiu que foi muito cobrada? Sim. Eu me expus a isso. Nunca me escondi da população, da imprensa ou nas redes sociais. Aliás nunca um prefeito se expôs tanto como eu. Isso criou um ambiente propício para uma avaliação permanente.

    Na sua percepção, como a população avalia o seu governo? Principalmente em relação às suas propostas e ao seu modelo de gestão? Eu sinto uma avaliação positiva da população. Ao longo deste período eleitoral recebi muitos elogios sobre nossa atuação, minha e toda nossa equipe. Inclusive a pergunta sobre quais projetos realizados e que terão continuidade. Há muitos anos não se investiu tanto no município como neste mandato. Nós tivemos um olhar atento para todas as áreas e faixas etárias; para a zona rural, para a cidade e toda a comunidade.

    É natural que, ao assumir a cadeira do executivo, um prefeito ou prefeita traga consigo uma bagagem de propostas e intenções. Neste sentido, a senhora imprimiu uma marca muito personalizada em seu governo. Como a se-nhora, com base nas ações implementadas, definiria esta marca? Matematicamente falando, a área que foi mais contemplada foi a saúde. Nos quatro anos a maior parte do orçamento do município foi para a saúde. Nós sabemos que houve uma dinamização em outras áreas que antes não existia, como a cultura, o esporte e lazer. Nós trabalhamos de forma que várias modalidades, esportivas, de lazer e culturais garantissem fomento social em nosso município; e deu certo. Ele teve um impacto muito positivo, deixando um importante legado.

    E a educação? Esta é uma pasta diferenciada; ela tem recursos próprios. Então, nós tivemos que investir de forma muito compromissada, o que possibilitou iniciativas nunca antes vistas e que geraram impacto social. Por exemplo, a distribuição de material escolar de qualidade aos nossos alunos faz diferença na dinâmica econômica de uma família.

    É uma pasta, que dado o seu histórico profissional, mereceu uma atenção especial, correto? Eu acredito na educação como fator de transformação social. Eu acredito que muitas das mudanças que precisam acontecer em São Gotardo, muitas delas, se não passarem pela Educação, não ocorrerão. Uma geração que tenha sentimento de pertencimento a São Gotardo, que tenha uma educação patrimonial e ambiental fará muito bem ao desenvolvimento de nosso município. Então, não há como, eu como professora a 31 anos, não trabalhar nesta oportunidade que tive, em prol da Educação.

    Quais ações a senhora destacaria na pasta da Educação? Eu destaco a construção do CDH – Centro de Desenvolvimento Humano, uma instituição que atenderá crianças com necessidades especiais. Há pessoas que necessitam de mais atenção, de um atendimento mais especializado. Nós percebemos um crescimento no número de diagnósticos de TDH. Outra ação importante é a implantação de uma Creche no bairro Saturnino, ampliando nossa capacidade de atendimento às mães que precisam trabalhar. Também implantamos uma Creche no bairro Taquaril. Ressalto ainda a distribuição dos Kits escolares, a quadra poliesportiva no bairro Boa Esperança, onde a comunidade era carente de espaço para encontros e atividades esportivas. As reformas nas escolas municipais, a construção de uma quadra em Guarda dos Ferreiros, na escola Georgina, a ampliação do tempo integral na escola José Antônio, a implantação de aulas de Inglês e a instituição do Flisangô, uma novidade que posiciona São Gotardo à frente de muitos municípios.

    A Saúde é um desafio permanente, não? São Gotardo hoje, tem uma saúde privilegiada. Nós recebemos os recursos de acordo com o IBGE, que aponta uma população de 43 mil pessoas no município. Po-rém, cadastrados nas UBSs nós temos 61 mil pessoas. Então, é um desafio muito grande a gestão da saúde. Os recursos são aquém do necessário, o que exige seriedade e eficiência no seu uso. Hoje temos o Centro de Hemodiálise, uma iniciativa em parceria com a Irman-dade. Construímos a base do SAMU, uma antiga reivindicação da população. Adquirimos vários equipamentos como Mamógrafo, Tomógrafo, aparelho de endoscopia e tantos outros, que melhoraram o atendimento; reformamos e equipamos o laboratório de análises clínicas, o que ampliou e muito a capacidade de atendimento. E ainda atendimento com prótese dentária e a Clínica de oftalmologia; ampliamos para 17, o número de Especialidades; cito ainda as inúmeras campanhas de prevenção nas praças e escolas. Um esforço conjunto com toda a equipe de profissionais, a quem aproveito para agradecer a cada um da equipe.

    Neste balanço final que iniciativas a senhora destaca nas áreas do Esporte, Lazer e Cultura? Entre as inúmeras ações, destacamos a construção do Parque dos Ipês e do Centro poliesportivo João Lúcio da Silva Neto em Guarda dos Ferreiros, reformamos o Poliesportivo da cidade; inauguramos o projeto Natal de luz, promovemos a Vesperata Diamantina; instituímos o Ciarte, um centro de eco-nomia criativa, que funcionará na rua Bento Ferreira dos Santos, e que será inaugurado em breve; e ainda promoção de inúmeros eventos nas áreas da cultura e do esporte.

    E na pasta de Obras? Em 2022 nós tivemos nove pontes comprometidas devido às fortes chuvas, na zona rural e aqui na cidade. Então, tivemos que reconstruir estas pontes, o que demandou recursos extras; asfaltamos várias ruas da cidade e trechos no município; a colocação de lâmpada LED em toda cidade; melhorias no abastecimento de água nas comunidades e manutenção das estradas rurais; Eu destaco ainda duas importantes obras: a reforma do prédio da Prefeitura e construção das novas instalações do almoxarifado. Tanto uma como outra têm impacto direto no atendimento à população, além de melhorar o ambiente de trabalho de nossos funcionários. Os dois locais estavam bastante precarizados.

    Desenvolvimento sustentável e social, planejamento e gestão. Eu destaco a revitalização da Feira Livre, várias ações ambientais; Implantamos várias ações afirmativas com o objetivo de proteger aquelas pessoas em situação de vulnerabilidade; Foi implantada a Sala mineira com objetivo de dar suporte ao empreendedor; o programa acelera digital.

    Em um balanço geral, a senhora se sente realizada? Dei o melhor de mim nesses 4 anos, mesmo nos momentos de mais dificuldade, como o período pandêmico, nas fortes chuvas de 2022 e nos cortes de orçamento em 2023. Recebi as críticas com muita parcimônia. Uma marca de minha gestão foi a avaliação constante da população e da oposição.

    O fato de ocupar a cadeira do executivo uma mulher negra também pesou? Sim. Estes estereótipos alimentaram muitas das críticas. Uma mulher, negra, de origem humilde é mais fácil de criticar. A cada desafio eu via uma oportunidade de crescimento; eu e toda minha equipe. É por isso que eu digo que sou muito grata ao povo de São Gotardo, por me dar a oportunidade. Mas não podemos negar a tentativa constante de desqualificar estes atributos. Por inúmeras vezes, quando ia participar de uma reunião, tive de enfrentar o descrédito de pessoas que não acreditavam que po-deria ser eu a prefeita. Contudo, a credibilidade que recebi do povo foi muito maior, e é isso que vou levar comigo.

    Aos olhos da senhora como prefeita, como é a população de São Gotardo e o próprio município? A diversidade é um ponto forte, o que nos dá características próprias. Eu admiro a capacidade de realização de nosso povo. Nosso município se destaca no cenário nacional na produção agrícola, graças ao trabalho de nossos empresários e dos trabalhadores em geral. Também percebi um forte espírito de generosidade; senti isso pessoalmente nesses quatro anos. Então eu deixo o cargo com um olhar ainda mais respeitoso e de admiração pelo meu povo.

    Que outras iniciativas a senhora destacaria neste final de mandado? A Fração do Corpo de Bombeiros - 12º Batalhão de Bombeiros Militar já é uma realidade no município. Os projetos nas escolas foram iniciados, o projeto da obra foi aprovado em Belo Horizonte e segue os trâmites para a licitação. Após cumprir todas as etapas para ingresso no Programa Minha Casa Minha Vida, São Gotardo iniciou o chamamento público para credenciamento de empresas de construção civil. O objetivo é selecionar propostas para a construção de 512 Unidades Habitacionais de Interesse Social, conforme a Lei Federal Nº 14.620/2023, em parceria com a Caixa Econômica Federal. As unidades serão construídas em terreno municipal, que será doado aos beneficiários, reduzindo custos e promovendo inclusão social.

    Encerrando esta entrevista, deixo o microfone para suas palavras finais. Eu quero agradecer, ser eternamente grata à oportunidade que eu recebi do povo de São Gotardo. Eu quero agradecer ao senhor Makoto Sekita, que foi a pessoa que primeiro pensou que eu tinha condições de assumir a prefeitura, e que me fez o convite à candidatura. Então, eu sou grata a este olhar que ele teve sobre a minha capacidade de realização e de gestão. Agradeço também a todos os apoiadores, este grupo enorme que se fez presente para que a campanha pudesse ser realizada, e a cada eleitor, que na urna nos escolheu para votar. E tenha certeza, eu senti nesses quatro anos o peso de cada voto, e por isso eu me dediquei tanto. Agradeço à Câmara municipal pela parceria e a todas as instituições, cooperativas, sindicato... agradeço aos meus 7 secretários e a toda a equipe da prefeitura, que são 1.400 pessoas, espalhadas por todos os cantos do município. A cada colaborador da prefeitura, meu agradecimento e o meu reconhecimento.

    Ao final da entrevista, a prefeita Denise Oliveira se emocionou quando agradeceu à sua família, seu suporte pessoal. E assim ela se expressou: o povo foi generoso comigo não só na vida pública, mas também quando eu passei por desa-fios pessoais, a população orou por mim, me apoiou e me deu uma força que eles nem imaginam o quanto fez a diferença naquele momento.

     

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