Hoje, 90% dos leitos de UTI já estão ocupados, e o único plano B à vista depende da conclusão de projetos em andamento e que devem ampliar a oferta desse tipo de atendimento. O Jornal Daqui conversou com a superintendente regional da saúde, Noemi Portilho. Na entrevista, ela fala da situação atual na chamada região noroeste, e das medidas em curso. Veja:
ENTREVISTA - Superintendente Regional da saúde - Noemi Portilho
Como está a situação hoje quanto à oferta de Leitos de UTI na região?
Nós somos uma macrorregião composta por 33 municípios, se estendendo de Santa Rosa da Serra até o município de Formoso, no norte de Minas, próximo à divisa com a Bahia. Em sua maioria são municípios de baixa densidade populacional, mas que somados, alcançam um universo de 700 mil habitantes. E toda essa população depende, nos serviços de alta complexidade, principalmente de Leitos de UTI de Patos de Minas. Os únicos municípios que dispõem de Leitos hoje são Patos de Minas, através do Hospital regional Antônio Dias, com 19 leitos de UTI, e do Hospital São Lucas, também conveniado com o SUS, que dispõe de 30 leitos de UTI. Além destes, o Hospital de Paracatu, com 8 Leitos. Estes são os leitos que dispomos hoje. Para atendimento da Covid-19, só temos 10 leitos no hospital regional e 1 leito em paracatu. Ou seja, para atender a esta população de 700 mil habitantes, só dispomos de 11 leitos de UTI
Qual o percentual hoje da taxa de ocupação?
Para atendimento geral, a taxa de ocupação é de 90%. Já em relação às vagas de leitos para atendimento exclusivo para a Covid-19, nossa taxa de ocupação hoje é de 40 a 50%(dados do dia 1 de junho. nesta semana a taxa de ocupação já alcança 90% da capacidade). A nossa sorte é que até o momento, os pacientes contaminados vem apresentando quadros de leve a moderado. Não estamos registrando um grande número de casos graves, como temos visto em outras regiões. As previsões, no entanto, apontam para um aumento desses casos. Por essa razão, estamos trabalhando para ampliar a oferta de Leitos de UTI na nossa região. Como iniciativas que merecem destaque podemos citar a cidade São Gotardo, por exemplo, que está trabalhando para implantar 10 leitos. E ainda, 10 leitos em João Pinheiro, e mais 10 leitos em Unaí.
Em relação a estes projetos ainda não há uma previsão de quando estes leitos estarão disponíveis, correto?
Tudo em processo de compra. Mas estamos esperançosos que sejam concluídos o mais rápido possível. Gostaria de citar também que a Santa Casa de Carmo do Paranaíba está tentando montar alguns leitos de UTI. Nossa expectativa é que até junho, alguns destes leitos já estejam prontos.
Mas hoje, a oferta de leitos é muito restrita, não?
Hoje, nós só podemos contar com 11 leitos de UTI, pra toda essa região.
Dada a interdependência das cidades que compõem esta macrorregião, os moradores de São Gotardo estão no mesmo barco, ao lado de centenas de milhares de moradores das outras cidades. Sendo assim, o que ocorre lá, nos afeta aqui. Há uma política de uniformização das medidas de controle da disseminação do vírus?
Cada chefe do executivo municipal tem autonomia sobre sua cidade. Porém, o programa 'Minas consciente' estipula alguns parâmetros, como em relação à reabertura do comércio, por exemplo. Nós fizemos uma reunião com os prefeitos, a cerca de duas semanas, exatamente para discutir a necessidade de adesão ao programa estadual. Ele não é imposto, o prefeito pode ou não aderir. Nossa posição é que haja uma uniformidade de todos os municípios na aplicação dos protocolos deste programa. Apesar de terem autonomia, todos dependem assistencialmente um dos outros.
Esta é a nossa preocupação. Os moradores de São Gotardo dependem dessas ações regionais. Há cidades onde o comércio está funcionado, enquanto em outras, não.
Apesar dos números oficiais indicarem que temos uma situação de certa maneira confortável em nossa região, a gente sabe que o número de casos reais pode ser até 7 vezes maior, ou mais. Precisamos estar alertas. Se ocorrer um aumento no número de casos graves nós não temos estrutura hospitalar para atender.
E nesse caso, de um colapso, há um plano B? Encaminhar pacientes para os grandes centros, por exemplo?
Nosso plano B são estes leitos que estão em fase de implantação nas cidades que mencionei a pouco. Este é o nosso plano B.
É uma corrida contra o tempo.
Sim. Estamos correndo contra o tempo.
Pra concluirmos, em relação ao número de casos confirmados na região, ainda estamos muito defasados, em relação aos testes realizados , por exemplo. Neste aspecto, como monitorar a real situação?
Hoje estamos com uma segurança um pouco maior, pois com a entrada da UFV na execução de testes de laboratório, estamos tendo uma maior agilidade nos resultados. Isso foi muito bom, porque está nos ajudando a monitorar os casos com maior rapidez. Com 24h, já temos o resultado.
E em relação à quantidade de testes ofertados. Poderia ser ampliado o acesso a mais pessoas?
Nós temos um protocolo pra seguir. Hoje estamos priorizando alguns grupos específicos, como o de idosos, profissionais da saúde e da segurança e pacientes sintomáticos.
Não se pode falar em Testagem em massa, por exemplo!?
Quando tivermos uma situação mais controlada, aí sim, poderemos ampliar o número de testes.