Logo depois de confirmado os resultados nas eleições de outubro passado, vieram a público os primeiros sinais de uma reaproximação até então inédita nos últimos 50 ou 100 anos.
Nunca foi velado um certo clima de estranheza, e algumas vezes de beligerância mesmo entre as classes políticas de São Gotardo e Rio Paranaíba. Isto, não só por razões históricas que remontam ao início do século passado, mas principalmente pelas disputas de fronteira, onde Guarda dos Ferreiros encarna o centro de polêmicas intermináveis.
De uns tempos pra cá a região de conflito se estendeu ainda mais, alcançando uma área tão nobre quanto estratégica, o Trevo de São Gotardo e seu entorno, onde estão instaladas mais de uma dezena de empresas. Justamente ali, somando-se a outras dezenas de impasses que circundam o distrito mencionado, são visíveis e impactantes as sequelas que se desdobram e persistem graças a esta incapacidade de se chegar a um consenso que leve em conta uma justa distribuição de responsabilidades.
É de esperar, portanto, que o respeito mútuo onde se preze a racionalidade, possa suplantar os infrutíferos embates verificados até aqui.
Já foi tema de reportagem neste Jornal a deprimente situação da via lateral que margeia a rodovia MG-235, localizada em ponto nobre, ao lado do Trevo de São Gotardo. Lama, buraco e poeira – cada um a seu tempo - são dores de cabeça permanente para as inúmeras empresas ali instaladas.
Mas não é só isso: esta via, como mais de 1 Km de extensão, é espaço integrante da principal porta de entrada do município. Precarizado, este emblemático Cartão postal amarga as consequências diretas pela natureza ambígua de sua localização: como se tem afirmado, o Trevo de São Gotardo e seu entorno está instalado em território do município de Rio Paranaíba, o que tem gerado impasses de toda ordem.
As condições precárias da referida via, por exemplo, nunca receberam qualquer tipo de atenção pelo município vizinho, que a priori, deveria zelar como sendo área de sua competência. Ademais, vem recolhendo impostos das empresas ali instaladas. De outro lado, a Prefeitura de São Gotardo, devido a entraves de ordem legal ou não, tem protelado até então, uma solução para o problema. De todo modo, persiste o impasse sobre as atribuições de responsabilidades.
É neste cenário que a partir do início deste ano vem ganhando novos contornos as relações político/administra-tiva entre os dois municípios. Makoto Sekita, prefeito de São Gotardo, e Major Adriano, prefeito de Rio Paranaíba, já tornaram público a disposição em se sentarem à mesa de negociações.
Em um primeiro encontro, ocorrido no dia 17 de janeiro, Makoto recebeu Major Adriano na sede da prefeitura. Na oportunidade falaram de temas comuns: “Sabemos que Guarda dos Ferreiros, distrito dividido entre nossos dois municípios, merece atenção especial, e essa parceria é essencial para oferecer o melhor à comunidade” publicou nas redes sociais o anfitrião do encontro, Makoto Sekita.
Quatro dias depois, no dia 21, os dois prefeitos se encontraram novamente. Desta vez, acompanhados por vereadores e pelos donos e representantes de empresas instaladas na citada via lateral próxima ao trevo. Na pauta da reunião, a discussão de medidas a serem tomadas em comum acordo entre as duas prefeituras: “Nosso objetivo foi discutir os impactos causados pelas chuvas nas vias, que prejudicam o acesso às empresas. Juntos, buscamos soluções para melhorar a mobilidade e garantir melhores condições para todos que utilizam essas importantes estradas”. Publicou o prefeito de São Gotardo.
De fato, afora medidas emergenciais, o principal desafio mesmo é implantar uma infraestrutura completa e definitiva no local, com pavimentação asfáltica e duas interseções para entrada e saída de veículos na respectiva via. É obra de maior complexidade, portanto, e que vai exigir estudos técnicos junto ao Departamento Estadual de Estradas, e claro, os recursos financeiros para a execução da obra.
Será também um teste para certificar a disposição em garantir o devido e merecido respeito à menina dos olhos de São Gotardo, o seu Trevo.