Reportagem publicada pelo Jornal Daqui no ano passado revelou um aumento exponencial no mercado imobiliário de terrenos urbanos, registrando a implantação de 20 novos loteamentos nos últimos 3 anos. Atraídos pela rentabilidade, sólida liquidez e alta demanda, empresários do setor investiram pesado na abertura de novos loteamentos.
Ao todo, somando os já instalados e com infraestrutura concluída, e aqueles em fase implantação, os novos empreendimentos imobiliários chegam à marca 5 mil lotes ofertados. Os números impressionam, testando os limites da balança entre oferta e demanda. Parte desta cifra já foi comercializada, seja como objeto de investimento, ou mesmo para construção de imóveis.
Apesar deste incremento as-simétrico, os preços vinham se mantendo em patamares elevados até dois anos atrás, se comparado a outros municípios. Mas hoje, como ditam as leis de mercado, o excesso de oferta leva inevitavelmente a uma queda nos preços. É o que ocorrendo no atual momento, como afirmam vários especialistas do setor de compra de venda de imóveis consultados pela reportagem.
O preço de um Lote é resultado de uma combinação de vários fatores, como localização, área de frente, metragem, se o local é plano... e acessibilidade. “Se está localizado em pontos mais privilegiados, os valores são maiores, e por isso, rapidamente comercializados pelas classes A e B. De outro lado, os de menor valorização, demoram mais a ser vendidos, e dependem de condições mais favoráveis, como parcelamento do valor total.” explica o corretor de imóveis, Mau-rício Ribeiro, e faz um alerta: “a Prefeitura deveria rever e atualizar a tabela dos valores de avaliação do ITBI, tendo em vista que os preços praticados hoje são menores que os da tabela em vigor.”
“Nos últimos dois anos temos verificado uma grande oferta de terrenos, e por outro lado uma baixa procura. Isso ocorre pelo fato de que aqueles que tinham o interesse em investir seu dinheiro na compra de lotes já adquiriram seus imóveis, e hoje já não está tendo mais essa procura – quem desejava comprar, já comprou” conclui Geraldo Neto, outro profissional do setor entre-vistado pelo Jornal Daqui.
Em entrevista ao Jornal Daqui, Maurício e Geraldo analizam a atual conjuntura do mercado de Lotes em São Gotardo. Veja:
Geraldo Neto – Corretor de imóveis, há 10 anos atua no mercado imobiliário de São Gotardo
“Nos últimos dois anos temos verificado uma grande oferta de terrenos, e por outro lado uma baixa procura. Isso ocorre pelo fato de que aqueles que tinham o interesse em investir seu dinheiro na compra de lotes já adquiriram seus imóveis, e hoje já não está tendo mais essa procura – quem desejava comprar já comprou – Por essa razão, o cenário hoje, é excesso de oferta e pouca procura, o que vem provocando uma queda nas vendas. Este desequilíbrio está impactando diretamente no valor dos lotes, se comparado aos últimos 4 ou 5 anos atrás.”
“Um cliente nosso, há dois anos atrás, adquiriu um terreno residencial aqui na cidade. Na época ele pagou R$150 mil reais. Ele nos procurou agora manifestando seu interesse em vender este imóvel. Nos valores atuais, tomando por base um lote vizinho ao seu, com as mesmas características, de local, dimensão, declive, etc. nos foi disponibilizado para a venda pelo valor de R$100 mil reais. Ou seja, houve uma queda de cerca de 40% no valor do lote, que estava ofertado inicialmente. Este é um exemplo que confirma uma queda nos preços.”
“Se comparamos os preços praticados em São Gotardo com outras cidades da região, como Ibiá, Rio Paranaíba ou Patos de Minas, verificamos que aqui, os preços estavam muito acima da média que nestes outros municípios. Havia uma grande disparidade entre os preços praticados aqui em relação aos outros mercados. Ou seja, há uma tendência a um padrão de mais normalidade, se assemelhando com a base média de mercado da nossa região.”
Maurício Ribeiro – formado em Direito, há 20 anos atua no mercado imobiliário de São Gotardo. Veja o que ele diz sobre o atual momento no setor:
“Hoje, a relação entre oferta e procura está mais equilibrada, com tendência de mais oferta que procura, e isso em todos os níveis, tanto em bairros populares como em bairros de classe média/alta. A tendência, portanto, é de queda nos preços. Hoje, o proprietário está mais flexível nas negociações de venda, pois ele sabe que a concorrência é grande. Quando tinha pouca oferta de lotes no mercado, era mais difícil negociar. Hoje, ele sabe que se não flexibilizar, o vizinho do lado vai oferecer melhores condições.”
“Os preços em nossa cidade ainda estão acima da média regional. A tendência de queda está sendo pressionada pelas próprias leis de mercado. Uma das justificativas para os altos preços era a pouca oferta. A abertura de inúmeros loteamentos na cidade está forçando a queda nos preços.”
“Vamos citar, por exemplo, o loteamento Mansões do Lago. Devido a sua localização, a procura foca mais a classe média/alta, com preço de venda variando em torno de R$700 reais o metro quadrado – um lote de 240 M², custa em média, R$190 mil reais - , enquanto em loteamentos populares o valor gira em torno de R$500 reais o metro quadrado.