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    Quinta, 28 Abril 2022 23:23

    Homenagem - José Luiz Borges, o prefeito do PADAP

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    Homenagem - José Luiz Borges, o prefeito do PADAP Foto: Reprodução.

    Nesta edição o Jornal daqui presta sua homenagem ao protagonismo de um visionário homem público.

    Ele comandou o município em um período de profundas mudanças ocorridas na década de 1970, em especial, a implantação do Padap, projeto no qual, ele teve papel decisivo. Já em idade avançada, ele é testemunha viva de um passado que resiste às forças do tempo.

    Hoje, vamos relembrar um pouco da trajetória do ex prefeito José Luiz Borges, publicando trechos de uma entrevista concedida ao Jornal Daqui.

    1973, o ano em que o senhor assumiu o cargo de prefeito é um marco divisor na história de São Gotardo. Até então, a economia do município era movida a arado de boi e a prefeitura, de tabela, não dispunha de recursos, não é isso?

    Eu assumi o cargo de prefeito sem saber nada de administração; A realidade que eu encontrei era uma cidade sem emprego e sem renda. Me lembro que no primeiro dia de governo tinha uma fila de 40 pessoas pedindo ajuda. Cheguei a me desorientar com a pobreza de São Gotardo. Pra você ter uma ideia, eu tinha dois funcionários que trabalhavam no departamento predial e o dinheiro que a prefeitura arrecadava com o IPTU mal dava para pagar o salário destes dois funcionários; era terrível. O imposto era muito barato, ou seja, a prefeitura simplesmente não tinha dinheiro em caixa. O que eu fiz foi aumentar e muito, o imposto.

    Mas a grande transformação veio mesmo foi com a implantação de um projeto audacioso: a exploração das terras do cerrado. Como surgiu a ideia?

    Fiz uma viagem a Patrocínio, e falei da nossa situação precária. Então ele me sugeriu explorar as terras do cerrado e me indicou o Dr. Gervásio em São Paulo ( Gervásio Tadashi Inoue – Presidente do Conselho Administrativo da Cooperativa Agrícola de Cotia). Embarquei para lá, e me encontrei com Dr. Gervásio que era o presidente da Cooperativa de Cotia. Para nossa sorte, eles demonstraram tanto interesse que Ministro da agricultura do Japão veio aqui, acompanhado de uma comitiva de técnicos e agentes do governo japonês. Eles fotografaram, colheram amostras de terra. E os técnicos não paravam de chegar, e eu, como prefeito fazia o papel de anfitrião.

    O passo seguinte deve ter sido o mais difícil. Como foi o processo de desapropriação da área para a implantação do PADAP?

    Foi, sem dúvida a luta mais difícil. Quando apresentamos o projeto ao Governo de Minas, só recebia a palavra 'não'. Ninguém no governo queria assumir o desafio de desapropriar o 'Totoca Luciano' um dos empresários mais fortes do Estado. Me diziam para abandonar aquela ideia, que era impossível.

    E aí?

    Eu nunca fui homem de desistir. Fiz as malas e fui para São Paulo, e lá expus o problema para o Dr. Gervásio. Ele então, me indicou outra alternativa: Propor ao Antonio Luciano arrendar ou comprar. Voltei a Belo Horizonte, apresentei a proposta e ele me disse que não negociava com pardal, que era como ele se referia aos japoneses. Ao saber disso, Dr, Gervásio ficou enfurecido e me disse: agora, esta desapropriação sai. Nesse dia, eu disse ao Dr. Gervásio que eu entraria na briga com uma condição, que toda estrutura de funcionamento, os escritórios fossem instalados em São Gotardo, e ele aceitou imediatamente. Como ele tinha muita amizade com o Ministro da fazenda Delfim Neto, ele conseguiu que o governo federal assumisse o compromisso de realizar a desapropriação, e assim foi feito.

    A partir do decreto de desapropriação, tudo mudou?

    Em primeiro lugar, eu passei a ser tratado com respeito pelo Governo de Minas, não era mais o 'prefeitinho'. A partir daí, São Gotardo passou a ter renda. Foi uma verdadeira revolução. Com a implantação do PADAP, eu consegui asfalto, posto do correio, o fórum, a agência da TELEMIG. Para você ter uma ideia, nossa cidade foi a 8ª do estado a implantar o moderno sistema de telefonia. O Campo de Aviação, a implantação do escritório da RURALMINAS, que construiu estradas em todo o município e nos auxiliava em várias obras da prefeitura. E o mais importante: a instalação do escritório da Cooperativa de Cotia e a vinda da colônia japonesa pra cá. A partir daí São Gotardo passou a gerar emprego e renda. Foi uma infinidade de obras que nós realizamos em meu governo.

    Afinal, o PADAP nasceu em 1973, ou 1974?

    O PADAP nasceu em 1973. Foi quando o projeto foi consolidado e também publicado o decreto de desapropriação. Portanto, o PADAP nasceu em 1973. Em 74, deu-se início a sua implantação.

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