O ano de 2018 terminou e até esse momento não sei se é uma notícia boa ou ruim. Uma coisa é certa. 2018 foi um ano difícil sob vários aspectos.
Foi um ano conturbado tanto em termos econômicos, políticos, cultural e também, por que não, esportivo, afinal, a seleção brasileira foi um fiasco e o meu Galo não fez um ano muito bom.
A economia brasileira vem patinando desde 2016. Os indicadores macroeconômicos são desanimadores. A taxa de desemprego, apesar de pequenas variações tanto para cima quanto para baixo, não dá mostra de ser reduzida de forma significativa. No Brasil, nesse momento, temos algo em torno de 13 milhões de pessoas desempregadas. Essas são as que estão procurando emprego e se considerarmos aquelas pessoas que não tem emprego e que pararam de procurar por um, atingimos a cifra de absurdos 65 milhões de pessoas. É um número assustador.
A taxa de crescimento do PIB nesse ano de 2018 deve girar em torno de 1% e se considerarmos a evolução dos níveis de preços é possível que tenhamos crescimento negativo. As projeções para 2019 também não são muito animadoras.
Em 2019 a famigerada PEC dos gastos continuará a fazer seus efeitos perversos. Para quem não se lembra, essa emenda constitucional congelou os gastos públicos com saúde, educação, saneamento básico, segurança além de outras áreas, por 20 anos. Isso significa dizer que voltaremos a ver filas nas portas das escolas públicas em busca de uma vaga, nos postos de saúde em busca de um atendimento cada vez mais precário, agravado agora pela saída dos médicos cubanos e pelo fato de que os médicos brasileiros, ao que tudo indica, não irão suprir essa carência, a segurança pública sofrerá com o desmantelamento do pouco que já existe, o saneamento básico será atingido.
Ou seja, grande parte da população brasileira será brutalmente atingida por esse corte dos gastos e, o que é mais desanimador, é saber que serão medidas inócuas para equacionar o déficit público.
Em termos políticos estamos diante de um impasse. Não se sabe o que será feito pelo próximo governo para reduzir esse enorme desemprego e o visível empobrecimento da população. Nada foi dito na campanha eleitoral e nada está sendo dito após a campanha. Nenhuma medida, das poucas anunciadas, trará qualquer melhora na taxa de crescimento já que é sabido que políticas de austeridade são ineficazes para estimular o crescimento econômico.
O combate à corrupção parece que virou lenda diante dos inúmeros casos que continuam aparecendo e diante da total inoperância das ações do ministério público e das polícias e do fato de que vários ministros indicados pelo presidente eleito estão seriamente envolvidos em negociatas.
A classe política, após o encerramento das eleições, se viu ainda mais desvalorizada. A taxa de renovação tanto no nível federal quanto nos estados foi muito pequena. Políticos envolvidos em escândalos de corrupção, salvo algumas exceções, foram reeleitos o que nos leva a questionar a qualidade do voto dado pelos eleitores.
Seria a lógica do vamos deixar do jeito que está para ver como que fica funcionando?
Ou seria a lógica do que nada está tão ruim que não possa piorar mostrando sua cara?
O fato é que 2019 começa com um leque enorme de incerteza e expectativas negativas. O Brasil vem perdendo espaço em termos de política internacional e algumas medidas anunciadas pela próxima equipe de governo se tornam preocupantes.
Um exemplo é o anúncio da mudança da embaixada brasileira para Jerusalém. Algo que é, a princípio, um fato político pode gerar constrangimentos econômicos considerando que um grande consumidor de carne de frango brasileira são os povos do mundo árabe que não se mostraram nada satisfeitos com essa mudança da embaixada. O que aconteceria se os países árabes deixassem de comprar ave brasileira e passassem a comprar ave, por exemplo, da Rússia? Esse é só um exemplo de como todos os fatos são interligados e nada pode ser analisado isoladamente.
Muitas são as perguntas soltas no ar e assustadora é a falta de respostas.