Vi nas redes sociais uma foto do João Pedro jogando no Betim e isso me trouxe excelentes lembranças, pelo que agradeço à Milene pela postagem. Acontece que ele é neto do Pedrinho do Zé do Lino, uma das pessoas mais amáveis que conheci, e da Fátima do Totoe Bernardo, bela rainha do União, nosso time de futebol de salão (eu, Wado do Nadinho, Julinho ou Luiz Fernando, Tarcísio e Luiz Roberto), portanto, sobrinho do Ladinho e o Zé de Castro era seu tio-avô.
E eu voltei no tempo, para um tempo em que toda a cidade ia para o campo do Sparta, aos domingos, em jogos memoráveis, num horário incrível, às 15h, com o sol a pino! Num uniforme branco, com detalhes em verde, um escudo triangular, brilhavam Carlinhos, no gol, Zé Pessoa, com um incrível senso de colocação e antecipações mortais, Zé de Castro e Dezinho, no meio de campo, os pontas Queiroz e Botões, o nosso maior centroavante de todos os tempos, Zé do Baiano, casado com a Alda, irmã da Fátima. O Ladinho destacava-se pelo porte físico e pela extraordinária agilidade.
A maior parte dos jogadores eram amadores e alguns profissionais, de fora, ganhavam moradia e pequenos salários. Para se ter uma ideia, meu tio Zé do Lino premiava o melhor do jogo com um aparelho de barbear.
Eu cresci com a lenda de que o Zé do Baiano teria sido convidado para ir para o Vasco da Gama e que a família não deixou, porque jogador de futebol e artista não tinham boa fama na época. Conversando sobre isso, o Luiz da Aída corrigiu a história: Zé do Baiano, Zé de Castro e Ladinho reforçaram o Dorense num jogo contra o Vasco, e o destaque foi o Ladinho, que teria sido convidado para ir para o time carioca, do qual até reserva já tinha sido convocado para a seleção, e que o pai não deixou, pois jogador profissional e artista não eram bem considerados na época. Fico com a minha versão da história e acrescento a ela nosso grande zagueiro.
Volto ao João Pedro, para lhe dizer algumas coisas, palpiteiro que sou. Primeiro, acabei de ler a biografia do Alex e acho que lhe ajudaria a ter uma ideia do meio agreste que é o futebol. Depois para lembrar que a carreira esportiva é curta e estonteante. Dois conselhos mais deste enxerido: você não precisa competir com ninguém a não ser com você mesmo, pois cada um de nós só tem a obrigação de buscar a própria excelência, que depende de muitas circunstâncias e às vezes do acaso; sobretudo, encontre em tudo a alegria e escolha sempre ser feliz.
Receba meu carinhoso abraço, na esperança de vê-lo no Mineirão, se possível no Cruzeiro, e a caminho da seleção.