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    Quarta, 21 Novembro 2018 01:47

    Há 50 anos atrás, um religioso de São Gotardo assumia papel de destaque no processo de renovação da Igreja Católica

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    A partir da convocação do 'Concílio Vaticano II', no ano de 1962, a igreja Católica pas-sou por profundas mudanças. Além de promover o incremento da fé católica e uma saudável renovação dos cos-tumes, o Concílio - concluído três anos depois, em 1965 - procurou adaptar a disciplina eclesiástica às condições dos novos tempos. Para ser ter uma ideia do universo de transformações em curso, basta citar que até a década de 1960 as missas eram celebradas apenas em Latim, e o padre ficava, quase sempre, de costas para o público. Os fieis pas-saram, a ser tratados não mais como agentes passivos. Em dos documentos publicados pelo Concílio: "reconhece o papel essencial que cabe aos leigos na vida da Igreja, a sua responsabilidade e autonomia em função de sua vocação específica".

    luzardo02Luzardo Carvalho é homenageado em cerimônia realizada na cidade de Luz.

    É na esteira deste movi-mento de abertura da igreja Católica, que vemos surgir uma das mais importantes mudanças na relação entre a Igreja e seus fieis: a criação do chamado Ministro extraordinário da sagrada comunhão. Trata-se de um leigo a quem é dada permissão, de forma temporária ou permanente, de distribuir a comunhão aos fiéis, na missa ou em locais fora da igreja. Os ministros extraordinários da comunhão surgiram como resposta à escassez de ministros ordenados, e à necessidade de pessoas que pudessem auxiliar os ministros ordenados na distribuição da comunhão em diversas circunstâncias, ta-refa que para muitos se tornava demasiado extenuante devido ao tempo e esforço despendido.

    A introdução acima nos ajuda a compreender melhor a dimensão e importância histórica do papel exercido pelo sr. Luzardo Carvalho, um cidadão de São Gotardo que no ano de 1968 foi um dos precursores - a nível mundial - da participação dos próprios fieis em tarefas, tidas como sagradas. Ele fazia parte do seleto grupo de 10 leigos, que pela primeira vez, recebia autorização direta do Papa para distribuir a Hóstia sagrada. O que até então só podia ser feito pelos padres.

    Em entrevista ao Jornal, padre Marino, da paróquia N. S. Aparecida, revela que foi daqui, do interior de Minas Gerais, que surgiu o movimento de criação do papel de Ministro da Co-munhão, e que exerceria profundas transformações no seio da igreja. A iniciativa partiu do bispo D. Belchior, que respondia pela Diocese de Luz, da qual São Gotardo fazia parte integrante. Assim narra Padre Marino:

    Dom Belchior em 1965 estando presente em Roma viu num documento do 'Vaticano II' a possibilidade de abrir então a igreja para os ministros , para que os leigos sejam ministros da eucaristia a partir desses estudos . Por orientação de um dos assistentes, resolve dirigir o pedido diretamente ao Papa, através de um carta, escrita em latim. enviou uma outra de igual teor à um arcebispo próximo ao sumo pontífice, para que intercedesse em seu favor. E quando ele levou essa carta para o papa pedindo essa autorização, qual foi a surpresa de Don Belchior quando recebeu, no ano de 1966, a resposta do próprio papa Paulo VI, concedendo a autorização para convidar 10 homens idôneos e de piedade comprovada, para assumir a missão. Esses 10 homens deveriam ser exortados convenientemente sobre a importância da missão de modo a evitar qualquer perigo de profanação essa era uma das grandes temáticas. Outra recomendação do papa era de eles exercessem essa missão na paróquia, ministrando a sagrada comunhão aos enfermos e que todos eles tivesse um distintivo especial uma roupa especial. Ao final do ano de experiência que notificassem ao papa como eles exerceram esse ministério, se foi de grande proveito e valia, e que Dom Belchior encaminhasse uma carta falando sobre isto , então isso foi no inicio de 66, então Dom Belchior foi correr atrás dos nomes desses ministros , mais ele conseguiu fazer isso foi em 1967 de tal modo que os primeiros ministros foram empossados em 1 de janeiro de 1968 conforme o testemunho do Sr Luzardo , ele gastou 2 anos pra preparar esses 10 primeiros ministros.

    Caminho aberto, a partir do relatório.

    Veja que primeiro foi aqui no Brasil em Minas Gerais, na diocese de luz, a qual São Gotardo fazia parte. Desses 10 ministros estava o Sr Luzardo Carvalho. E a partir de 1975 Roma deu autorização para que as mulheres também assumissem esse ministério e hoje a maioria dos nossos ministros são mulheres. Os fiéis católicos são ministros extraordinários, tanto é, que eles tem um tempo pra exercer esse ministério, na diocese são três anos . Eles levam o Jesus eucarístico para que aquelas pessoas enfermas recebam a comunhão .

    O que foi tratado inicialmente como uma experiência acabou se revelando como um dos mais importantes movimentos de abertura da igreja Católica, assumindo contornos mundiais. Hoje são milhares e milhares de Ministros da comunhão atuando em dioceses pelo mundo afora. Só no município de São Gotardo são 150. Na diocese de Patos de Minas nós temos 5 mil leigos exercendo o ministério de ministro extraordinário da comunhão eucarística.

    luzardo01Luzardo ao lado do padre Marinho

     

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