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    Sexta, 13 Março 2020 21:10

    Cooperativismo chega ao setor imobiliário

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    Em novo modelo, os associados são os donos do negócio

    Imagine o seguinte cenário: Diante dos altos preços de mercado, algumas centenas de pessoas resolvem se unir e levar à frente uma ideia que, além de original e inovadora: comprar um terreno e instalar nele um loteamento. Feitas as contas, eles concluem que o projeto é perfeitamente viável, economicamente falando. Contabilizadas todas as despesas com a compra do terreno e construção de toda infraestrutura(asfalto, redes de água, esgoto e pluvial...) o preço final de cada lote ficaria bem abaixo daquele praticado pelo mercado imobiliário.

    De fato, está em curso um projeto que vem sendo gestado neste início de 2020, e que traça em seus contornos uma ideia, pelo que se sabe, ainda inédita: a implantação de loteamento a partir dos princípios do Cooperativismo.

    Primeiro, um diagnóstico: Diante da grande demanda por casa própria é de se concluir que existe um contingente enorme de pessoas interessadas em adquirir um lote, ainda mais se o valor se encaixar às capacidades de posse do orçamento familiar. Para certificar a viabilidade do projeto foi preciso antes de mais nada constatar e confirmar esta demanda. Com este propósito foram abertas as inscrições aos interessados em adquirir um lote onde o valor é pré-estabelecido em conformidade com os custos de implantação do projeto, e claro, bem abaixo dos valores de mercado. A procura superou as expectativas, chegando a mil inscrições em poucos dias.

    Inicialmente, a proposta de se adquirir um terreno para implantar o loteamento incluía a divisão da área total em duas. Uma, seria paga pela prefeitura, e seria utilizada conforme as normas vigentes da ordem pública. Porém, diante de entraves burocráticos isso não foi possível. Partiu-se então para o modelo único onde o sistema de cooperativismo seria a mola mestra do projeto. Este novo formato corresponde no entanto - e de tabela - ao arcabouço das políticas de interesse social. O Estado, como entidade representativa deve ou deveria fomentar iniciativas como esta, buscando implementar soluções alternativas para demandas sociais, como a moradia. Neste aspecto, este novo formato de Loteamento atende às necessidades da população de São Gotardo.

    Feitas estas considerações é de se concluir que o referido projeto se apresenta como novo modelo de acesso a bens imóveis. Para que pudesse sair do papel foi necessário que um grupo de empresários assumisse a responsabilidade como garantidores da compra do terreno, no valor de R$18 milhões de reais. Este montante será pago, evidente, pelos próprios associados da recém criada Cooperativa Habitacional de São Gotardo. O valor será pago em parcelas escalonadas.

    Seiji Sekita, legalmente, vem coordenando o processo, não na condição de prefeito, mas de empresário. Ele já tem experiência com o cooperativismo. Levou à frente, por exemplo, um projeto onde pequenos produtores sem terra se agruparam para ter acesso à áreas de plantio. Foi a partir desta experiência que ele lançou a ideia de se aplicar os princípios do cooperativismo na implantação de um loteamento coletivo, se assim podemos chamar. Seiji está recebendo o apoio de outros empresários, que assim como ele defendem a ideia.

    loteamento01

    A implantação do projeto

    Assim que foram confirmadas as inscrições dos interessados passou-se à etapa seguinte, a fundação de uma cooperativa em acordo com o organograma desse modelo de associação, qual seja, uma sociedade de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de ordem civil, constituída para prestar serviços aos associados. Os participantes assumem a posição de cotistas. No caso, cada uma das pessoas que preencheram o formulário de inscrição vão adquirir uma cota, na condição de cooperado. Seguindo este modelo de organização é eleita uma diretoria, e posteriormente a realização de assembleias, onde cada associado tem direito a voto, garantindo assim, total transparência. Assim sendo, não se trata portanto de um investimento onde não se almeja lucro.

    Os organizadores do processo de implantação do novo loteamento já estão tomando as providências necessárias, como a aquisição do terreno, que tem área total de 98 hectares; além do cronograma de pagamento do mesmo. Como foi informado à nossa reportagem, o cooperado que, por um motivo ou outro, desistir depois de já ter pago parcelas referentes à cota adquirida, terá seu dinheiro recebido de volta.

     

     

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