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    Sexta, 26 Julho 2019 01:52

    A tomada de três pinos

    O Brasil caminha a passos largos para o fundo de um buraco que, e isso é assustador, nunca chega. Estamos prestes a fechar mais uma década perdida.

    As estimativas de crescimento do PIB estão sendo rebaixadas sistematicamente. Do início do ano, quando os especialistas em economia previam um crescimento de algo em torno de 3% para 2019, chegamos na metade do ano e esse número veio caindo ao longo do tempo. Parece uma contagem regressiva: 3, 2, 1.... Agora, no final do mês de junho, as previsões muito otimistas dizem que o PIB irá crescer por volta de 1%. As mais realistas e não menos otimistas dizem que provavelmente teremos um crescimento no PIB entre 0,5 e 0%.

    O desemprego só faz aumentar. A cada mês temos notícias de que o número de novas vagas de emprego, oferecidas pelas empresas, vem sendo cada vez menor. Não há nenhum indicador que mostre uma possibilidade, mesmo que mínima, de reversão desse aumento no desemprego.

    O atual governo não está conseguindo combater esse mal na sociedade brasileira que se chama desemprego.

    A crise econômica se mostra cada vez mais grave e já se discute quando estaremos de fato em uma forte recessão.

    O governo, no esforço de justificar uma panaceia que se chama reforma da previdência, brada aos quatro ventos que o Brasil vem passando por uma forte crise fiscal e que, se essa reforma não for aprovada não haverá dinheiro para nada, criando uma situação de pânico entre a população a ponto de afirmar que não haverá dinheiro para pagar as aposentadorias.

    Uma crise fiscal significa, grosso modo, uma incapacidade do Estado em atender as demandas dos vários segmentos da sociedade em função de uma restrição em sua capacidade de gasto em virtude de um crescimento das despesas ou de uma redução das receitas.

    Olhando placidamente para uma definição técnica como essa ficamos quase (eu disse quase) tentados a acreditar. No entanto, quando verificamos que o governo brasileiro anuncia aos mesmos quatro ventos que irá reduzir os gastos com educação, por exemplo, em função dessa alegada crise fiscal observamos também que esse mesmo governo aumentou o gasto com os juros da dívida. Somente em abril desse ano, nos 22 dias uteis desse mês, o governo gastou 35 bilhões de reais e fazendo uma conta bem simples, isso implica gastar 1,6 bilhões por dia!!!!

    Considerando o período de janeiro a abril de 2019 em comparação com o mesmo período em 2018, ocorreu um crescimento de 9% no montante gasto com o pagamento de juros da dívida.

    Assim, vem à nossa mente uma pergunta: qual crise fiscal???

    Não há dinheiro para a educação, mas esse dinheiro existe para pagar juros e fazer os banqueiros felizes?

    O governo brasileiro gastou em 2018 algo próximo a 400 bilhões de reais com juros e esse número só faz crescer. Qual crise fiscal? Para que a reforma da previdência? A suposta economia de 1 trilhão de reais em 10 anos, resultado da aprovação dessa reforma espúria e que iria ser usado para dar capacidade de investimento ao governo será totalmente absorvido pelo sistema financeiro. E estou sendo otimista considerando que esse trilhão irá existir. Não se esqueçam que está em vigor uma emenda constitucional que foi aprovada em 2016, chamada de "teto dos gastos" que fará que esse dinheiro seja totalmente absorvido pelo pagamento dos juros da dívida.

    Os banqueiros, com uma lágrima escorrendo no canto dos olhos, sinceramente agradecem.

    Aqui faço uma autocrítica e me explico melhor.

    Autocrítica por ter cometido uma injustiça ao governo com um comentário feito algumas linhas atrás. Eu disse que o governo não está conseguindo combater o desemprego. Na verdade, não é que ele não esteja conseguindo e sim que ele não está fazendo absolutamente nada para combater o desemprego. Peço desculpas pela injustiça.

    E explico melhor o título acima. Diante de todos esses problemas que vivemos o que alardeia aos já conhecidos quatro ventos o nosso capitão presidente? Que irá rever a norma que torna obrigatória a utilização da tomada de três pinos, que essa tomada é a "tomada do PT" e que por isso deve acabar, mesmo com o parecer contrário do INMETRO. E o que acontece então? A sociedade gasta um esforço absurdo em discutir a utilização ou não dessa tomada de três pinos.

    É o festival de besteira que assola o Brasil. Estamos vivendo um teatro dos absurdos.

    Cai o pano.

     

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