O ano de 2020 começou...
Se bem que, na verdade, como todo ano, só começará de fato depois do carnaval. Não tivemos, ainda bem, tragédias como aquelas que aconteceram no início do ano passado, em Brumadinho e no campo de treinamento do Flamengo no Rio de Janeiro, mas a chuva já deixou sua marca.
Como todo início de ano, e isso se repete desde sempre, as chuvas trouxeram medo, angústias, dores e mesmo mortes. Nada é feito diante dessa tragédia anunciada. Afinal, até as pedras sabem que as chuvas provocam estragos nos finais e inicios de ano, mas nada, absolutamente nada é feito.
Há uma total incapacidade dos Estados e municípios em realizar obras que poderiam, talvez, reduzir as consequências dessas chuvas. As razões para essa incapacidade são várias: falta de vontade política (afinal, alguém disse no passado que cano de esgoto debaixo da terra não traz votos...), falta de recursos financeiros por parte dos Estados e principalmente dos municípios, falta de educação por parte dos moradores das regiões atingidas pelas enchentes que, mesmo sabendo das consequências funestas, continuam jogando lixo nos córregos, nos rios, nas ruas. Falo de lixo, mas é comum nos depararmos com sofás, geladeiras, fogões, cadeiras, nas beiradas dos córregos.
Além do mais, o excesso de asfalto nas cidades impede a absorção das águas de chuva e todo mundo sabe que a água tem que ir para algum lugar. Tem que escorrer. Agora, se as bocas de lobo estão entupidas de lixo, essa água tem que ir para algum lugar. Vai para onde então? Para dentro das casas, lojas, levam os carros e, infelizmente, as pessoas. A verdadeira crônica de uma tragédia anunciada.
No que se trata da falta de recursos financeiros dos municípios, fato que impede que obras que são necessárias para conter a força dessas águas, teremos que discutir a questão do federalismo no Brasil e a forma como os recursos tributários são arrecadas e distribuídos.
Nesse ano de 2020, tudo indica que o governo federal irá concentrar suas forças na aprovação da reforma tributária. Já foram aprovadas a reforma trabalhista, previdenciária e agora restam as reformas administrativas e tributária. Dá até medo do que vem aí...
Iremos discutir essa questão da reforma tributária mais na frente, mas uma característica da atual estrutura tributária no Brasil é a forte concentração dos recursos tributários nas mãos do governo federal fato esse que gera uma forte limitação da capacidade de arrecadação e gastos dos Estados e principalmente dos municípios e uma das muitas necessidades que devem ser supridas por uma reforma tributária seria exatamente dotar os municípios de maior capacidade arrecadatória e decisões de gasto. Isso não implica, deixo claro aqui, que novos impostos devem ser criados e que teríamos sim que rediscutir a forma como o pacto federativo está ordenado no Brasil.
Além desses problemas gerados pelas chuvas, que se repetem, o ano começou do jeito que terminou, ou seja, aumentando a lista do nosso festival de besteira, se bem que nesse caso não é somente uma besteira e sim algo bastante preocupante.
O hoje ex-secretário da Cultura colocou no ar um vídeo onde ele anunciava algumas políticas de incentivo à cultura nacional. Não vem ao caso aqui explicitarmos essa política e sim como foi feito esse anúncio.
Infelizmente, foi algo bastante assustador em pleno século XXI. O vídeo fazia ligações explícitas às políticas nacionalistas do Terceiro Reich, ou seja, políticas nazistas. O texto lido pelo secretário foi um plágio mal feito de um discurso feito na Alemanha pelo ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels.
Não podemos permitir que, no Brasil, em pleno século XXI, isso aconteça. O nazismo alemão foi uma das páginas mais aterradoras da civilização humana. A barbárie e a crueldade levadas a cabo na Alemanha no século passado não podem e não devem, e digo isso de forma categórica, voltar a nos assombrar, nem que seja por brincadeira (de muito mal gosto) ou de forma não intencional (essa foi a desculpa dada pelo secretário da cultura que, felizmente, ninguém acreditou). Ainda bem que esse indivíduo foi exonerado.
A sociedade brasileira não pode admitir fatos como esse.
Nós, brasileiros, temos que discutir ao longo desse ano, uma série de problemas que são gravíssimos. O desemprego, a baixa atividade econômica, a violência, a questão da educação, saúde, saneamento básico, o abandono sofrido pelos brasileiros na sua condição básica de sobrevivência. O tão anunciado crescimento econômico do final do ano passado, tão festejado pela mídia, não se verifica. A renda do trabalhador está declinando rapidamente, o mercado de trabalho se precariza também rapidamente.
São muito os problemas, enfim e queremos ver implantadas políticas capazes de equacioná-los e não podemos, sob hipótese alguma, admitir que essa barbárie nazista se torne um discurso aceitável no Brasil
De forma alguma!!!!