Para responder esta pergunta, é preciso desmistificar que a assistência social é uma política somente para pobres. A vulnerabilidade social se expressa por diferentes situações que podem acometer qualquer pessoa em dado contexto da vida.
Trago como exemplo a situação de uma pessoa idosa que não possui mais condições de gerir sua vida financeira e tem entre os filhos um conflito instaurado sobre a responsabilidade de cuidar do seu bem estar e de suas finanças. A vulnerabilidade social neste exemplo não está estritamente condicionada à ausência ou precariedade no acesso à renda, mas atrelada às fragilidades de vínculos afetivo-relacionais.
Outro exemplo, é a vulnerabilidade relacionada à desigualdade de acesso a bens e serviços públicos e privados, ocasionada em razão da própria condição inerente à pessoa, seja por ser do sexo feminino, seja pela raça, orientação sexual, por possuir algum tipo de deficiência.
A ideia de que a assistência social é uma política somente para pobres foi construída em razão do contexto histórico de como surgiu, através das doações da igreja e das entidades filantrópicas aos pobres. Na década de 40, havia iniciativas das primeira damas que davam suporte aos brasileiros que foram à guerra. Tais ações são conhecidas como assistencialismo, muito importante para suprir uma necessidade imediata. Todavia, não busca uma análise crítica das circunstâncias quando as condições não são emergenciais, levando a uma concepção de que a doação é um favor, e que por isso a pessoa donatária deve também outro favor.
Com a Constituição Federal de 1988, a assistência social passa a ser direito do povo e dever do Estado, trazendo como objetivo o combate às desigualdades sociais para uma construção de uma sociedade justa, livre e igualitária.
O que difere a política de assistência social da prática de assistencialismo é a utilização das técnicas para entender as vulnerabilidades e potencialidades dos usuários, que darão subsídios para construção de um plano de acompanhamento, com base em estratégias que visam transformar vidas por meio do alcance da autonomia e protagonismo do usuário.
Então, o crescimento econômico tem sim um impacto positivo sobre a pobreza, mas não sobre a desigualdade em si, sobretudo porque a realidade sociocultural de São Gotardo é bastante diversa pelos processos migratórios ocasionados justamente pela própria fartura econômica.
Portanto, estamos inseridos numa realidade em que quanto maior o nível de desenvolvimento econômico, maior deve ser a importância da assistência social, devido sua grande relevância em combater as desigualdades, respeitando-se as diferenças de cada um.
Daniele de Alencar - Secretária Municipal de Desenvolvimento Social